Não, o “Partido Nacional Fascista de Itália” não criou em 1926 um “passaporte sanitário” que era obrigatório para “poder circular”. O objetivo da publicação é colar o regime fascista italiano à imposição do certificado digital e às restrições nas entradas em espaços públicos que lhe estão associadas, mas basta uma rápida pesquisa no Google para perceber que a imagem não diz respeito a qualquer “passaporte sanitário”.

Publicação falsa no Facebook

A imagem que acompanha a publicação está disponível em sites como este, ou no eBay, para ilustrar a venda de um cartão de militante do Partido Nacional Fascista, no caso, do ano de 1926. Os carimbos dizem respeito ao respetivo pagamento de quotas.

Imagem de outro cartão igual ao partilhado com errado contexto na publicação

Conforme é possível ver na imagem acima mostrada, por 80 euros é possível comprar um exemplar de um dos cartões de militante com o carimbo relativo às quotas pagas em dia. Com mais algumas pesquisas é possível encontrar também cartões com os nomes dos respetivos militantes.

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Cartão Partido Nacional Fascista italiano à venda

Neste exemplo as quotas foram liquidadas apenas de abril a dezembro, conforme é possível verificar pela falta de carimbos no primeiro trimestre.

O Partido Nacional Fascista foi criado, a 9 de novembro de 1921, pelo ditador italiano Mussolini que governou Itália entre 1922 e 1943. Entre 1928 e 1943, foi o único partido legalmente admitido em Itália.

Conclusão

Não é verdade que a imagem mostrada seja de um “passaporte sanitário” instituído em Itália em 1926 até porque disso não há registos históricos. Trata-se da imagem de um cartão de militante do Partido Nacional Fascista italiano, com as 12 quadrículas para o carimbo de quotas liquidadas. A colagem do cartão de militante à ideia de um “passaporte sanitário” criado num regime fascista tem por objetivo criar um paralelo para o atual certificado digital, mas não há qualquer fundo de verdade na ideia que a publicação tem difundido.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook

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