A publicação data do início deste mês, poucos dias depois de o vice-almirante Gouveia e Melo ter dado uma entrevista ao Nascer do Sol que foi citada pelo jornal Expresso. E é precisamente a notícia publicada no Expresso o alvo de uma manipulação de imagem, para acrescentar uma frase que não foi dita ou sequer insinuada pelo líder da task force para a vacinação.
É fácil olhar para a notícia original e perceber a manipulação que foi feita. A categoria ‘Sociedade’ mantém-se na imagem alterada, a fotografia também, mas do conteúdo nada fica. Aliás, bastava um olhar mais atento para o tipo de letra do título manipulado para se perceber que se trata de uma manipulação.
Efetivamente, Gouveia e Melo fez declarações sobre as mensagens de agendamento de vacinas que falharam, mas nem sequer se tratou de “um milhão e meio”, como escrito na publicação no Facebook. Dos quatro milhões de mensagens enviadas para os utentes, um milhão falhou. No início de julho, Gouveia e Melo explicava que, apesar das “comunicações falhadas” nos agendamentos da vacinação feitos diretamente pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), as pessoas não deixam de ser vacinadas.
À agência Lusa, o vice-almirante garantia: “Um milhão de comunicações sem resposta não significa que me tenham escapado um milhão de pessoas por vacinar, porque não escaparam.” Segundo Gouveia e Melo, até às 18h00 de domingo [27 de junho], os serviços do SNS tinham enviado um total de quatro milhões de SMS a convocar pessoas para receberem a vacina. Na resposta à mensagem de convocatória, três milhões disseram “Sim” e cerca de 100 mil enviaram SMS a dizer “Não”. Nos restantes casos, cerca de um milhão de SMS, “não houve contacto de volta da pessoa.”
“O que não significa um milhão de pessoas, uma vez que podem ser enviadas cinco tentativas de SMS para a mesma pessoa”, clarificou Gouveia e Melo à data, apontando como possíveis causas para as cerca de um milhão de “comunicações falhadas” números de telefone de utentes errados ou o facto de o utente não ter lido a mensagem.
Conclusão
Em momento algum, Gouveia e Melo insinuou que iria “a casa de cada portuguesito” entregar convocatórias para a vacinação depois de “um milhão de comunicações” terem falhado. Na publicação, nem o número de mensagens que falharam está correto.
Os dados divulgados por Gouveia e Melo apontavam para que, dos quatro milhões de SMS enviados, um milhão tivesse falhado, não mais que isso. Através da manipulação de uma notícia publicada na página de um jornal, distorcendo o conteúdo original, o utilizador do Facebook tenta passar a mensagem de que se deu “confiança a mais” e que os portugueses estão “habituados a bajular figuras de autoridade”.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.