São várias as publicações nas redes sociais que dão conta de um alegado encontro satânico, que terá acontecido depois das aulas numa escola norte-americana. O objetivo destes encontros, que teriam lugar em bibliotecas escolares, consistia em converter as crianças ao satanismo.

Mais concretamente, numa dessas publicações, as acusações são direcionadas ao juiz John M. Gallagher, que terá autorizado o grupo satânico “Satanás Depois da Escola” a realizar reuniões na escola Saucon Valley, no estado norte-americano da Pensilvânia. “Vivemos dias dias terríveis”, lê-se.

Nesta publicação, vê-se uma imagem de crianças sentadas a ouvir uma história do que seria a representação de Satanás. Contudo, a fotografia não é real e trata-se de uma montagem feita através da inteligência artificial. Publicada originalmente na conta de Instagram the_pumpkin_empress, o próprio utilizador que gere a página assumiu que era uma “criação” sua — e não correspondia à realidade.

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Aliás, o próprio gestor da conta the_pumpkin_empress explicou, no Facebook, que a fotografia tinha sido gerada através do serviço de inteligência artificial Midjourney. “Não, essas fotos não foram tiradas. Foram geradas por diversão”, lê-se na publicação nas redes sociais, garantindo não se tratava do “clube de leitura satânico na Pensilvânia”.

Contudo, é verdade que o juiz John M. Gallagher autorizou que um clube satânico, o After School Satan Club [Clube Satânico Depois da Escola, tradução em português], organize atividades extracurriculares, argumentando com a liberdade de expressão prevista na Constituição norte-americana, o que gerou polémica na Pensilvânia, com membros da comunidade escolar a revoltarem-se contra a decisão.

No seu site, o After School Satan Club salienta que o seu programa se foca na “ciência, no pensamento crítico, nas artes e na comunicação”, rejeitando a intromissão da “religião na escola pública”. “O clube existe para providenciar uma alternativa inclusiva aos clubes religiosos que usam as ameaças da condenação eterna para converter crianças em idade escolar para o seu credo”, lê-se.

Apesar do nome, o After School Satan Club sublinha que também não está interessado em converter os mais novos ao “satanismo”, focando-se antes no “racionalismo” e no “pensamento livre”. “Preferimos que as crianças apreciem as maravilhas naturais ao seu redor e não que fiquem com medo dos horrores do outro mundo.”

Conclusão

A fotografia de crianças em volta da representação de Satanás publicada nas redes sociais não é real, tratando-se apenas de uma imagem que foi gerada por inteligência artificial. É, porém, verdade que o juiz John M. Gallagher tenha permitido que um grupo com um nome satânico organize atividades extracurriculares. O After School Satan Club ressalva que não quer converter crianças ao “satanismo”, mas quer, antes, lutar contra o domínio da religião na escola pública.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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