As recentes cheias na Líbia, na sequência da tempestade Daniel, provocaram uma destruição significativa que deixou a cidade portuária de Derna, no leste do país, irreconhecível. Na contabilização do Crescente Vermelho da Líbia, há uma semana, o número de vítimas mortais ascendia aos 11.300. Nesta publicação partilhada de forma recorrente no Facebook surge um vídeo que mostra um rio a transbordar, com a corrente forte a arrastar destroços, alegando tratar-se de um momento registado nas cheias da Líbia.
“Misericórdia”, pede este utilizador do Facebook que partilha as imagens dizendo serem relativas às “enchentes num rio na Líbia”. Por cima do vídeo surge a frase: “Questão de minutos não se vê nada.”
Este momento não diz, no entanto, respeito aos acontecimentos recentes na Líbia. O vídeo tem dois anos (pode ser consultado no Youtube) e foi registado na Turquia onde, em agosto de 2021, as cheias afetaram várias cidades no norte do país, como o Observador noticiava nessa altura. Noutro vídeo, mostrado então pela televisão turca NTV, é possível ver estas mesmas imagens do rio, Ezine, com a seguinte descrição: “Momento em que o Ezine transbordou.”
O fenómeno teve especial impacto sobre a cidade de Bozkurt onde se verificaram estragos significativos, incluindo edifícios completamente destruídos, devido à chuva intensa. Um cenário na altura era semelhante ao registado agora na Líbia, dois anos depois, ainda que numa dimensão muito diferente: em 2021 morreram dezenas de pessoas na Turquia e agora, na Líbia, os números vão nas dezenas de milhares (e ainda há muitos desaparecidos). A cidade de Derna tem zonas que ficaram totalmente submersas.
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Conclusão
As imagens são verdadeiras, mas o vídeo partilhado não é relativo às cheias na Líbia que ocorreram a 10 de setembro, na sequência da tempestade Daniel. O rio quase a transbordar que se vê nas imagens a arrastar destroços na sua corrente intensa é o Ezine, na cidade de Bozkurt na Turquia, e este registo data da altura das cheias no norte do país em agosto de 2021, há dois anos.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
