Uma publicação realizada nas redes sociais questiona a discrepância entre o número de velocípedes envolvidos em acidentes, apresentado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), e o número de ciclistas que o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) declarou ter transportado ao longo do ano passado. Partilhando a imagem de uma tabela com a “sinistralidade no continente por categoria de veículo” em 2021 e em 2022, o autor pede explicações para os 2.272 velocípedes contabilizados pela ANSR em contraposição com os 4.254 ciclistas apontados pelo INEM.
A explicação está nas datas. É que a tabela com essa “sinistralidade no continente por categoria de veículo”, que aponta 2.272 acidentes com velocípedes, na verdade só diz respeito aos primeiros nove meses do ano. Ela foi incluída no “Relatório de Sinistralidade, Fiscalização e Contraordenações Rodoviárias — Setembro de 2022”, que pode ser consultado aqui e que foi publicada em meados de janeiro deste ano. Ou seja, os dados não dizem respeito à totalidade do ano passado, ao contrário do que acontece com os números avançados pelo INEM.
Os casos dos 4.254 ciclistas contabilizados pelo instituto de emergência médica, por outro lado, são números da totalidade dos 12 meses do ano de 2022. E foram adiantados por Luís Meira, presidente do Conselho Diretivo do INEM, no seminário “Mobilidade Ativa: Futuro em Segurança”, promovido pelo Ministério da Administração Interna e também pela ANSR a 12 de janeiro. Dos 6.280 feridos registados com trotinetes, bicicletas e skates em 2022, 4.254 eram ciclistas, 1.691 usavam trotinetes e 335 andavam de skate.
Fica assim explicada a discrepância dos números apontados pelas duas instituições. E embora eles não sejam, na realidade, tão díspares como sugere a publicação, a verdade é que eles “têm vindo a aumentar, particularmente a nível dos grandes centros urbanos”, confirmou Luís Meira no mesmo seminário.
Conclusão
É falso que os números da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária são quase o dobro dos avançados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica, com base nas informações presentes nesta publicação. Os dados referem-se a períodos temporais diferentes e são, por isso, incomparáveis. Confirma-se, no entanto, a veracidade dos números. E que a sinistralidade com bicicletas, trotinetes e stakes está a aumentar. A comparação que o autor do post faz acaba por induzir em erro.
Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ENGANADOR
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.