Um longo texto atribuído ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, circula nas redes sociais como tendo sido um discurso proferido por si. Mas não há dados adicionais avançados, tal como a situação em que a intervenção foi feita, ou a altura em que aconteceu. Trata-se de um texto em que o líder político israelita teria feito uma cronologia dos últimos 70 anos do país, assinalando o seu desenvolvimento, sobretudo a nível militar.

O suposto discurso surge em inúmeras partilhas no Facebook, sem qualquer ligação associada, sendo apenas transcrito nas publicações feitas com a seguinte introdução: “O Discurso do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu é surpreendente, com toda a glória a Deus. Sr. Nethanyahu disse:”

Este mesmo texto já circula na internet há anos — regressa sempre que há novas tensões na região do conflito que opõe Israel e Palestina — e isso mesmo foi já referido pelo jornal brasileiro Estadão, quando em outubro do ano passado, publicações semelhantes surgiram nas redes sociais após o ataque do Hamas de 7 de outubro. Nessa altura, o jornal apontou como a publicação mais antiga deste mesmo texto aquela que foi feita, em hebraico, em abril de 2006 num fórum do Israel National News. O título do texto era “porque gosto de ser judeu” e, no início desse ano tomou posse como primeiro-ministro Ehud Olmert.

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Uma das afirmações que surge no texto, atribuída a Netanyahu, é que “há apenas 70 anos os judeus foram levados ao matadouro como ovelhas. Há 60 anos não tínhamos país nem exército. Apenas algumas horas após a sua criação, sete países árabes declararam guerra ao nosso pequeno estado judeu. Éramos apenas 650 judeus contra o resto do mundo árabe, sem qualquer Exército de Defesa de Israel (IDF)”.

Além de existirem erros em algumas referências feitas — como por exemplo os “650 judeus” que existiam na altura da criação do Estado de Israel, quando, na verdade, eram 650 mil —, uma pesquisa permite verificar que a intervenção só surge em publicações como esta que está a ser analisada e nunca em sites de informação credíveis.

Em setembro deste ano, numa intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas, Benjamin Netanyhau usou, curiosamente, a expressão “cordeiros levados para um matadouro”, mas para dizer que “os soldados israelitas, longe de serem cordeiros levados para um matadouro, reagiram com uma coragem incrível e com sacrifício heroico”, referindo-se à resposta ao ataque do Hamas de há um ano. Não existe qualquer atribuição credível do texto partilhado nas redes sociais ao atual primeiro-ministro de Israel.

Conclusão

Não é possível atribuir o longo texto que circula nas redes sociais sobre Israel ao primeiro-ministro Benjamim Netanyahu. O original deste texto surgiu pela primeira vez online em 2006, nem era Netanyahu o primeiro-ministro. Não existem, em sites credíveis, atribuições destas palavras ao responsável político israelita.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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