Parece ser a mais recente tendência de fake news partilhadas nas redes sociais. Desde o início do ano começaram a circular publicações a contar um episódio com uma narrativa idêntica, diferenciando-se apenas pela cidade em que supostamente aconteceu: um profissional de saúde reconhece um ex-paciente seu, ainda infetado com o novo coronavírus, às compras num qualquer estabelecimento comercial e alerta as autoridades; a polícia, mobilizada para o local, acaba então por encontrar também às compras dezenas de pessoas que deveriam estar em isolamento profilático.
Uma das publicações mais recentes deste género diz respeito a Viseu. Nela é dito que “num estabelecimento comercial” na cidade, “uma profissional de saúde reconheceu um ex-paciente, ainda infetado pelo Covid-19 mas com indicações de confinamento”, que andaria às compras. Por isso, a profissional de saúde “alertou as autoridades”. “O estabelecimento foi encerrado para identificar os ocupantes. Foram encontrados vinte e um indivíduos que deveriam estar em isolamento profilático e andavam às compras“, lê-se ainda. Só que quer a GNR quer a PSP negam que este episódio tenha acontecido.
Quando o Observador contactou o Comando Territorial da GNR de Viseu para confirmar estes dados, já a publicação era bem conhecida entre os militares. Aliás, depois de se cruzarem com ela nas redes sociais, os próprios guardas tomaram a iniciativa de apurar se de facto o episódio que ali era relatado tinha acontecido. E puderam confirmar que não passava de um rumor: não havia registo naquele comando de qualquer ocorrência com aquelas características.
Além disso, a GNR contactou também o Comando Distrital da PSP de Viseu para tentar perceber se poderiam ser eles as “autoridades” a que se referia a publicação. Também não: a PSP não tinha qualquer registo ou conhecimento de qualquer ocorrência semelhante à descrita na publicação, como aliás viria também a confirmar ao Observador fonte do Comando Distrital da PSP de Viseu.
Esta não é a primeira vez que uma publicação a relatar episódios como este surge. Também no dia 10 de janeiro, começou a circular nas redes sociais uma publicação que afirmava, por um lado, que polícia tinha encontrado “16 pessoas infetadas e obrigadas a estar em casa, às compras no Continente”, em Évora. E, por outro, que “uma médica de família tinha encontrado “uma paciente sua às compras, também ela positiva [para o novo coronavírus] com obrigação de estar em casa, no Lidl”, também em Évora, o que a levou a chamar a polícia.
O Comando Distrital da PSP de Évora viria a desmentir essa informação, dizendo que é “falso que se tenha deslocado recentemente a qualquer hipermercado da cidade de Évora” ou que tivesse “identificado cerca de 16 pessoas que se encontravam infetadas” ou sequer “que tenha recebido essa informação”.
Fact Check. PSP encontrou 16 infetados com o novo coronavírus em supermercado de Évora?
Conclusão
Circula nas redes sociais uma publicação que, “num estabelecimento comercial” em Viseu, “uma profissional de saúde reconheceu um ex-paciente, ainda infetado pelo Covid-19, mas com indicações de confinamento” às compras e “alertou as autoridades”. Durante a alegada ocorrência, acabariam por ser “encontrados vinte e um indivíduos que deveriam estar em isolamento profilático e andavam às compras”.
Só que quer a GNR quer a PSP negam que este episódio tenha acontecido. Contactadas pelo Observador, nenhuma destas duas forças de segurança tem qualquer registo ou conhecimento de qualquer ocorrência semelhante à descrita na publicação.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
Nota 2: O Observador faz parte da Aliança CoronaVirusFacts / DatosCoronaVirus, um grupo que junta mais de 100 fact-checkers que combatem a desinformação relacionada com a pandemia da COVID-19. Leia mais sobre esta aliança aqui.