Começou a circular no Facebook, a 6 de junho, uma fotografia onde se vê de uma agente da polícia no chão, ao lado de um cavalo, com o seguinte título: “Polícia morto em Londres, durante a manifestação dos terroristas Antifas”. Logo a seguir, está um parágrafo que alegadamente sustenta o título e no qual o autor tece toda uma teses à volta da morte da agente da polícia. O post chegou às 26,3 mil visualizações e 549 partilhas. Trata-se, porém, de uma publicação falsa.
Primeiro, é necessário dizer que a fotografia, apesar de ter na legenda uma referência ao local onde supostamente foi tirada, não diz em que data é que decorreu a manifestação. No entanto, recorrendo a uma pesquisa no Google, é possível perceber que este evento se tratou de uma manifestação do movimento Black Lives Matter no passado dia 6 de junho, próximo de Downing Street, em Londres, como reportado pelo jornal britânico The Guardian.
As manifestações antirracistas continuam a espalhar-se por todo o mundo, tendo agora um novo capítulo: o derrube de várias estátuas associadas a práticas de escravatura. Com o intensificar dos protestos e dos confrontos entre a polícia e os manifestantes, é natural que surjam mais publicações deste género nas redes sociais. Contudo, convém enquadrar os acontecimentos e não tomar como garantido aquilo que é propagado pelos vários utilizadores do Facebook. Neste caso, tratou-se de um episódio mais violento que contrastou com as manifestações pacíficas que decorreram em várias regiões do Reino Unido, como conta a BBC.
Na verdade, esta oficial da polícia, que estava em cima de um cavalo, acabou por cair por causa de um semáforo, tendo recebido depois tratamento hospitalar. O próprio departamento da polícia metropolitana de Londres anunciou, via Twitter, que a polícia estava bem. “A polícia está, neste momento, no hospital a receber tratamento por causa das lesões que sofreu, não correndo risco de vida”, lê-se.
UPDATE | The officer is currently in hospital, receiving treatment for her injuries which are not life threatening.
The officer fell from her horse, and we are examining the full circumstances of what took place.— MPS Events (@MetPoliceEvents) June 6, 2020
O protesto perdeu força assim que começou a ser lançada pirotécnia para a zona onde estariam polícias, como relatou a BBC. Alguns manifestantes foram detidos por confrontos com a polícia, “dano criminal, ameaças, incitar à violência e por condução perigosa junto da embaixada dos Estados Unidos da América”, como relata o jornal britânico The Guardian. Também chegaram a ser filmadas e publicadas no YouTube, pelo The Guardian, alguma siamgens. Já o cavalo voltou para trás, a trautear. As causas desta queda ainda estão por apurar.
Este incidente foi relatado por outros media internacionais, como o The Independent, a CNN e o New York Post. Em nenhuma das notícias é referido que a polícia morreu ou que outro qualquer elemento da autoridade tenha também morrido.
O único elemento verdadeiro nesta publicação é mesmo a imagem, que capta o momento da queda. A fotografia reproduzida na publicação foi tirada pelo fotojornalista Daniel Leal-Olivas da agência France Press. O Observador encontrou a fotografia através do banco de imagens, Getty Images .
Também não foram identificados elementos do grupo ANTIFA na manifestação londrina, embora se tratasse, sim, de uma manifestação antirracista.
Conclusão
Está a circular no Facebook uma fotografia de uma polícia no chão, ao lado de um cavalo, com a seguinte legenda: “Polícia morta em Londres, durante a manifestação dos terroristas antifas”. A imagem visível na publicação é, de facto, verdadeira, e foi tirada pela AFP. Contudo, a polícia em questão não morreu, como reportado pelo departamento da polícia metropolitana de Londres e relatado por diversos órgãos de comunicação social britânicos. Sofreu sim lesões, tendo tido tratamento no hospital, mais tarde.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.