Circula nas redes sociais uma publicação que afirma que o sobrinho do ex-presidente brasileiro, Lula da Silva, foi detido na posse de “aproximadamente seis milhões de reais”. Mas a história não passa de um rumor que surgiu depois de a polícia ter detido um suspeito de tráfico com três milhões de reais, que não está ligado à família de Lula da Silva. A polícia não faz qualquer referência à suposta ligação familiar entre ambos e o próprio Instituto Lula já desmentiu a informação.
A publicação não se fica por aqui: no texto lê-se que, ao ser detido, o sobrinho do ex-presidente do Brasil disse à polícia que o dinheiro “era do tio Lula e foi para comprar uma fazenda”. O post adianta também que a detenção aconteceu no município de Canarana, no estado de Mato Grosso, e que a esquadra onde se encontra supostamente detido esteve “cercada porque a população ameaça invadir” o edifício, tendo sido pedido até reforços para garantir a segurança do local. O texto é acompanhada por duas fotografias: uma delas mostra dois homens a serem escoltados pela polícia; a outra mostra três agentes ao lado de uma mesa com dinheiro.
Este rumor começou a circular em abril de 2015, ano em que a Polícia Civil de Mato Grosso prendeu em flagrante José Silvan de Melo, conhecido por “Abençoado”, por suspeitas de tráfico de drogas. Quando foi detido, a polícia encontrou e apreendeu mais de 3,2 milhões de reais numa carrinha que lhe pertencia — longe dos seis milhões a que a publicação faz referência. Aliás, a segunda fotografia que acompanha o post mostra precisamente o dinheiro apreendido na operação em Canarana. A imagem foi publicada no site da Polícia Judiciária Civil do Mato Grosso, a acompanhar o comunicado que dava conta da detenção.
Esse comunicado adiantava que o valor de 3.201,587 milhões de reais, sem origem comprovada, estava “dividido em três sacos escondidos na carroçaria da camionete, debaixo de esterco, cerâmicas, madeiras e alimentos”. O comunicado especifica até o que o suspeito disse quando os polícias descobriram o dinheiro: “É real, deixe isso aí e vamos conversar” — não fez, portanto, qualquer referência a Lula da Silva, como é afirmado na publicação.
Mas em que é que este caso está relacionado com lula da Silva? Em nada. Logo após a notícia de detenção de José Silvan de Melo, começou a circular nas redes sociais que este suspeito era sobrinho de Lula, mas não há qualquer referência ao ex-presidente nas notícias publicadas na época nem na nota da polícia emitida na altura.
O próprio Instituto Lula, uma fundação sem fins lucrativos dedicada à cooperação internacional entre o Brasil, África e América Latina, negou essa informação. Num comunicado publicado no site do Instituto em abril de 2015 — dias após a detenção de José Silvan Melo e de ter começado a circular este rumor —, o Instituto afirmava que os utilizadores das redes sociais “inventaram um sobrinho fictício do ex-presidente” que teria sido preso na cidade de Canarana com seis milhões de reais.
Essa informação é completamente falsa. O ex-presidente não tem nenhum sobrinho com o nome citado no texto. É mais um caso de uma história sem fonte, com informações inverídicas e que tenta atingir a honra do ex-presidente”, lê-se no comunicado divulgado.
Quanto à segunda fotografia que surge na publicação, não está relacionada nem com a primeira nem com a detenção de José Silvan Melo e muito menos com Lula da Silva. Mostra polícias federais a escoltar dois homens: os ex-deputados Luiz Argôlo e André Vargas. A fotografia é verdadeira e foi tirada também na mesma altura em que o rumor surgiu, como comprova a notícia do jornal Folha de São Paulo tirada na altura. Os dois ex-deputados foram fotografados no momento em que saiam do Instituto Médico Legal de Curitiba, em abril de 2015, depois de terem feito perícias na sequência da sua detenção no âmbito da Operação Lava-Jato.
Conclusão
Circula nas redes sociais uma publicação que afirma que o sobrinho do ex-presidente brasileiro, Lula da Silva, foi detido na posse de “aproximadamente seis milhões de reais”. Este rumor começou a circular em abril de 2015, ano em que a Polícia Civil de Mato Grosso prendeu em flagrante José Silvan de Melo, por suspeitas de tráfico de drogas, na posse de mais de 3,2 milhões de reais.
Mas não há qualquer referência a uma eventual ligação familiar ao ex-presidente nas notícias publicadas na época, nem na nota da polícia emitida na altura. O próprio Instituto Lula negou essa informação, num comunicado.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.