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Os últimos meses de 2022 não foram propriamente de situação de alerta no Alqueva, mas os meses (muito) quentes de verão obrigaram a um acompanhamento permanente do nível das reservas de água na barragem. Em setembro, o presidente da Empresa de Desenvolvimento das Infraestruturas do Alqueva (EDIA) admitia que, se não houvesse chuva abundante nos meses seguintes, seria preciso escolher: ou água ou energia, ou abastecimento agrícola ou produção de energia. |
O inverno foi profícuo para aquelas paragens e as chuvas de dezembro atiraram os níveis de reserva para 72% da capacidade total da barragem. Isso resolveu o dilema anterior, de que falava José Pedro Salema — mas não resolveu um outro problema, que se arrasta desde 2019: o da instalação, sobre o imenso lençol de água do Alqueva, do maior parque solar flutuante da Europa. Para isso, é preciso mais do que uma pluviosidade vigorosa durante alguns dias ou semanas. É preciso uma decisão política. |
A instalação do parque solar flutuante permitiria ao Alqueva tornar-se mais auto-sustentável na produção da energia de que precisa para poder transportar os milhões de litros de água acumulados na barragem até onde ela é necessária. |
![General view of the Solar Floating plant on the Alqueva dam wall at the River Guadiana, in Portel, eastern of Portugal, 15 July 2022. The Floating Solar Power Plant of Alqueva, "the largest floating solar park" in a dam reservoir in Europe, an investment of six million euros, was inaugurated today by the Prime Minister, Antonio Costa. NUNO VEIGA/LUSA](https://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2022/07/15161700/38980851.jpg)
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O projeto da EDIA, como o Observador apontou recentemente, previa a instalação de 10 novas centrais fotovoltaicas que permitiriam reforçar em 90GWh a produção energética do Alqueva e que se traduziriam numa independência para a produção de metade da energia necessária para os vários fins que a barragem serve. |
Ora, avançar com esse projeto teria um custo total de 50 milhões de euros, com a maior fatia desse bolo (45 milhões) a ser financiada pelo Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa e outros cinco milhões a representarem um investimento da própria EDIA. Concretizar a instalação depende de uma autorização do Ministério das Finanças, mas desde que o projeto foi apresentado, há mais de três anos, nem Mário Centeno nem João Leão nem, agora, Fernando Medina deram luz verde ao investimento. |
Chuvas repuseram reservas nas barragens. Mas três ainda suscitam preocupação |
Não foi, claro está, exclusivamente no Alqueva que os meses secos tiveram um impacto notório, fazendo recuar a linha de água armazenada na barragem até valores preocupantes. Recuperamos alguns números, apenas para ilustrar o cenário que se vivia a meio do verão passado: em agosto, segundo dados do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos, de um universo de 58 albufeiras monitorizadas, apenas três tinham reservas superiores a 80% do seu volume total; nesse mesmo momento, 32 albufeiras tinham “disponibilidades inferiores a 40%”. |
Três meses volvidos e a situação melhorou significativamente. É verdade que ainda há três bacias em situação crítica: em Campilhas e no Monte da Rocha, na bacia hidrográfica do Sado, mas também na bacia de Bravura, no Algarve, registava-se esta semana um nível de reserva na ordem dos 11%, 10% e 12% das respetivas capacidades. |
Mas, no contexto global do país, na primeira semana de 2023 a média de armazenamento estava, já, nos 82% das capacidades máximas das bacias, num momento em que foram avaliadas 75 albufeiras. Dessas, 44 estavam com um volume de armazenamento entre 81% e 100%, segundo avançou a Agência Portuguesa do Ambiente. A chuva que se espera que venha a cair ainda nestes meses de inverno ajudará — espera-se — a reforçar as capacidades armazenadas. |