Um relatório recente da International Energy Agency mostra que a produção anunciada pela China de tecnologias energéticas limpas até 2030 era de 500 mil milhões de dólares, enquanto a soma da produção prevista nos Estados Unidos e na Europa não chegava a 200 mil milhões de dólares. A China domina em projetos existentes e planeados sobretudo nas tecnologias de painéis solares, geração eólia e baterias, enquanto a União Europeia lidera nos planos anunciados de bombas de calor.

Nos semicondutores, entre 2021 e 2022 foram anunciados novos projetos de semicondutores nos Estados Unidos de 100 mil milhões de dólares, enquanto na União Europeia foram anunciados investimentos de cerca de 30 mil milhões de dólares. O valor dos projetos anunciados na Ásia foram 60 mil milhões, segundo dados do Centre for Strategic and International Studies. Entretanto, tanto os Estados Unidos como a Europa anunciaram apoios de cerca de 40 mil milhões de dólares para a produção de semicondutores, que deverá desta forma acelerar nos próximos anos.

A corrida às novas tecnologias energéticas é uma boa notícia para o mundo. A Ásia é das regiões mais poluentes a nível global, libertando mais de 15 mil milhões de toneladas métricas de carbono todos os anos desde 2015, cerca de metade do total global. Os investimentos em energias renováveis poderão contribuir para reduzir estas emissões na região, com efeitos benéficos para todo o planeta.

A corrida significa também que haverá mais incentivos para conseguir desenvolver as tecnologias mais eficientes, seja para responder às necessidades de energia limpa ou para reforçar a digitalização e a inteligência artificial.

Mas uma corrida implica também que aumentará a concorrência pelos recursos humanos e tecnológicos para fazer face às necessidades de produção. Apesar da vontade política e do apoio das populações, a Europa não está na linha da frente deste desafio.

O diferencial que existe atualmente entre projetos anunciados por países asiáticos e pelo resto do mundo sugere que deverá ser feito um investimento significativo em educação, em novas formas de extrair as matérias-primas necessárias para a transição digital e energética, que se encontram maioritariamente em países em desenvolvimento e muitas vezes politicamente instáveis, e preparar alternativas a essas matérias primas. No entanto, no curto e médio prazo é inevitável manter um grau de cooperação entre os países mais avançados e países em desenvolvimento, como a China e Índia.

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