Ventura diz… O Chega defendeu…Ventura e mais Ventura. Portugal parece a URSS depois da queda de Trotsky: Ventura, qual Trotsky, está em todo o lado. Todos os dias pratica uma infâmia e todos os dias somos convocados a maldizê-lo. O Chega tornou-se o seguro de vida do PS e dos seus parceiros de governação pois quanto mais o Chega crescer mais difícil será ao PSD formar um governo. Obviamente, em simultâneo há que diabolizar qualquer entendimento com o Chega.
Pretender agora, em 2020, que à direita não devem existir negociações com o Chega implica aceitar que o poder em Portugal será exercido inevitavelmente pela esquerda. Ou que se deixará nas mãos do PS a decisão de formar um Bloco Central com o PSD. Ou ainda que o PS acabará, caso a aritmética lho permita, a negociar com o Chega, que para o efeito será apresentado como tendo-se tornado moderado, metamorfose que estou em crer o ministro Augusto Santos Silva explicaria com eficácia em menos de cinco minutos.
O que André Ventura diz e propõe (e nem sempre diz e propõe o mesmo) é frequentemente populista e pouco fundamentado mas não é necessariamente mais populista ou mais desrazoado que aquilo que se ouve a outros líderes ou que se vê noutros partidos e organizações. Por exemplo, as propostas do CHEGA sobre a castração química de pedófilos e violadores não são fundamentadas e são apresentadas unicamente para caçar os votos dos mais radicais? Certamente que sim mas o que foi senão uma opção não fundamentada e apenas destinada a satisfazer os radicais, o acto de repetir a votação sobre a eutanásia, para mais no mesmo momento em que não se consegue impedir que o COVID mate nos lares e centros de acolhimento? E não teve por acaso laivos de xenofobia a campanha contra o turismo e os turistas que lavrou por tudo quanto era meio bem pensante da esquerda? Não foi por acaso populismo a redução dos horários na função pública? E não foi maior populismo ainda o presidente da República ter promulgado essa decisão admitindo recorrer ao Tribunal Constitucional caso ocorresse um aumento real da despesa? (Será que Marcelo Rebelo de Sousa ainda não conseguiu fazer as contas?) E como avaliar as intervenções no parlamento e o mural produzido pelo BE a propósito da visita a Portugal da chanceler Merkel em 2012? E dizer-se, como fez o ministro do Ambiente, que não há registo de contaminação por COVID nos transportes públicos é o quê além de populismo?
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