Num país preso pelo reality show “Orçamento do Estado” e por uma crise política mais ou menos fabricada, uma questão de equilíbrio mental impõe que se fale de outro assunto. No talk show da RTP África “Conversas ao Sul”, a propósito de uma conversa com Ossanda Liber, o host David Dias reiterou com absoluta certeza a existência de um racismo estrutural em Portugal.

Mas afinal que racismo estrutural é este? Neste meio de almas brutas, resultado de sofismas e narrativas atualmente sedutoras, será interessante recuar às origens desta caminhada “woke”.

Data de 1923 a criação de um instituto de estudos socias em Frankfurt, que mais tarde elaborou a sua “teoria crítica,” lançando o legado que ficou conhecido por Escola de Frankfurt. Intelectuais como Horkeimer, Gramsci ou Althusser libertaram a teoria marxista do seu grilhão económico e expandiram-na para todo e qualquer campo.

Sendo assim, o fundamento “frankfurtiano” é que todas as relações presentes na sociedade, são relações de dominação entre opressor e oprimido que se perpetuam por um sistema dominador vigente. É então daí que o termo “estrutural” ganha sentido na teoria crítica racial, em que a cada momento a raça dominante explana o seu poder sobre outra.

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O reconhecer desta superestrutura, controlada pelo aparelho repressivo do estado, requer que o mesmo seja combatido através da linguagem, cultura e pensamento. Subversivamente difundida através da academia americana, e posteriormente para todo o mundo, consequentemente deu origem ao wokismo: a crença de quem está totalmente desperto e que, superiormente a todos os outros, vê o que mais ninguém vê.

A força desta narrativa faz com que cada vez mais incautos a aceitem, sem a si próprios se questionarem, nem se apercebendo que, exatamente pelas premissas que advogam, são eles também racistas. Racistas não pelo seu carácter, crenças ou atitudes, mas sim pela cor da pele, estatuto social ou identidade que perpetua a dinâmica de poder. Além do mais, na dialética frankfurtiana haverá sempre uma dinâmica opressor/oprimido que não é passível de ser quebrada.

É sim de louvar a hombridade e honradez de Ossanda ao negar este tipo de narrativas que recentemente têm dominado o espaço público. Com certeza que existem pessoas racistas, mas isso não significa que o país racista seja. O racismo não será certamente erradicado através de narrativas forçadas, que tendem a instrumentalizar indivíduos na prossecução de objetivos eleitoralistas e propagandistas.

Aquilo que uma sociedade saudável deve almejar é uma unidade enriquecida pelas diferenças e não uma estratificação de indivíduos por castas, em que cada um é “catalogado” pelas suas característas físicas e identitárias.