Admito ter-me expressado mal na minha última crónica acerca da guerra da Ucrânia ao falar de «tudo» sem ser «claro». Retomo o tema incidindo, desta vez, sobre a relação entre a crescente crise económico-financeira mundial e o andamento da guerra movida pela Rússia contra a Ucrânia. O objectivo é prever o tema mais silenciado até aqui, ou seja, a hipótese de um eventual termo da guerra dentro de um prazo mais curto do que se poderia imaginar há pouco tempo.

Com efeito, são muito poucos os comentadores habilitados que têm correlacionado a guerra com a crise da inflação e da quebra produtiva, e vice-versa, seja qual fôr o lado da contenda. Entre nós, desde logo, há muito pouca ou nenhuma consciência pública dessa informação decisiva. Referir-me-ei, pois, à imprensa norte-americana que é a única que vejo comentar a relação entre o desencadeamento da guerra e a dependência da vida financeira e económica mundial. Com efeito, a taxa de inflação média anual não tem parado desde então, como se vê pela recente revisão em alta do BCE. O protesto do governo socialista para «sacudir água do capote» é irrisório.

Simultaneamente, não deixamos de verificar os comentário do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, o qual continua também a fazer declarações generalistas ultrapassadas pelo tempo e pela evolução da guerra. Na realidade, só sabemos que esta não terminou porque a NATO, isto é, os USA, têm fornecido enormes meios de defesa e combate à Ucrânia contra a Rússia, mas praticamente sem entrar no território russo, antes pelo contrário.

Tal situação de aparente «empate bélico» não durará eternamente… nem a Ucrânia terá meios para obrigar a Rússia a retirar-se do território ucraniano. Ora, isto não acontecerá e a Rússia não cessará o ataque contra a Ucrânia. Medra, pois, uma profunda perturbação económico-financeira mundial que a invasão russa provocou em todo o mundo: uma crise geral como não havia há mais de 10 anos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Juntam-se a isto as eleições presidenciais norte-americanas a realizar no final do ano que vem. Segundo as últimas sondagens, estas não só colocam ainda Trump ligeiramente à frente de Biden, como sobretudo assinalam a oposição de grande parte do eleitorado à candidatura de Biden devido à crise mundial. Se assim for e a guerra se mantiver até à campanha presidencial, não é impossível que Biden entenda terminar a guerra rendendo-se à Rússia a fim de não perder as eleições…

Seria uma tragédia para a Ucrânia, mas tanto as Nações Unidas como o secretário-geral da NATO têm feito declarações generalistas e ultrapassadas pelo tempo e pela evolução da guerra. Esta só não terminou porque a intervenção da NATO dirigida pelos USA tem fornecido enormes meios de combate e de defesa da Ucrânia contra o ataque da Rússia mas praticamente sem conseguir entrar no território russo. Ora, esta situação de aparente «empate bélico» não durará eternamente… nem a Ucrânia terá meios para obrigar a Rússia a retirar-se definitivamente do território ucraniano incluindo o anterior a 2014.

Ora, tal não acontecerá e a Rússia não abandonará os territórios conquistados. Isso corresponde à profunda perturbação económico-financeira que a invasão russa provocou em todo o mundo, nomeadamente nos USA e na Europa, mas também no resto do mundo: uma crise geral! A situação de aparente «empate bélico» não durará eternamente… nem a Ucrânia terá meios para obrigar definitivamente a Rússia a retirar-se do território ucraniano sobretudo o anterior a 2014.

Acresce a profunda perturbação económico-financeira provocada pela funesta invasão russa em todo o mundo, nomeadamente na Europa e nos USA, mas também no Oriente e em África – uma crise geral! Juntam-se a isto as eleições presidenciais norte-americanas a realizarem-se no final do ano que vem.

Se as próximas eleições presidenciais norte-americana se revelassem favoráveis ao Partido Republicano com ou sem Trump, como assinala a oposição de grande parte do eleitorado à candidatura de Biden e se, entretanto, a guerra se mantiver como é de recear, não é impossível que Biden e a NATO decidam cessar a guerra e render-se ao ‘grosso’ das conquistas russas de 2014! Num caso como este, Biden ganharia as eleições de 2024 mas a Ucrânia perderia a guerra…

A reconstituição da Ucrânia seria apoiada pela NATO mas a Rússia teria ganho a guerra, o que seria péssimo, embora no caso de Biden perder mesmo assim a eleição do ano que vem, o resultado seria idêntico… Resumido: a sorte da Ucrânia está periclitante a todos os títulos… incluindo naturalmente do ponto de vista económico-financeiro do qual tão pouco se fala. Se o ditador da Rússia não ceder nos próximos meses, não está excluído que seja Biden e a NATO por arrasto a ceder por mais trágico que isso seja.