“O cântaro tantas vezes vai à fonte, que um dia a asa parte” – (provérbio popular português)

Ao décimo dia São Pedro atenderá às preces madeirenses.

Estes dias de incêndio na Madeira deram para todo o tipo de conversa da treta que tanto tem de gasta como de tóxica para qualquer possibilidade de uma gestão racional do fogo em Portugal:

Toda a gente (ou pronto, a esmagadora maioria) se foca em como o fogo começa (e de proibições a especulação sobre incendiários, vigilância punições, muito se tem falado), quando o que devemos questionar é como é que ele – após inevitavelmente começar – acaba!

E não será pelos meios aéreos – o outro grande mito a par dos incendiários…

Basta ver como na Serra da Estrela há 2 anos andaram não 1 ou 3 mas sim 12, e o fogo durou mais dias, queimou 4 vezes mais área, e os meios aéreos ainda foram responsáveis por episódios tristes que ainda pioraram o controlo das chamas de acordo com o relatório publicado o ano passado.

Não, como tem sido vulgar sempre que estamos na presença de grandes incêndios, ou estes ardem até não poder arder mais (porque chegam a áreas já ardidas ou ao mar), ou as mudanças do tempo (trazendo chuva, amainando o vento, baixando a temperatura) são essenciais para alguns poucos incêndios – mas os que realmente são problemáticos – se extinguirem.

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Lições? O mais provável é não se aprender nada até ao próximo, porque é o que temos visto tragédia após tragédia em Portugal.

Mas é mais uma oportunidade para repararmos no básico: tanta treta – planos, meios, regulamentos, etc. – e tantos milhões, e continuamos a depender dos caprichos do tempo.

Este ainda não apagou mas podem ter a certeza que como outros vieram antes, próximos virão…

E como um dia o cântaro parte a asa, também um dia, sabe-se lá quando, perceberemos que temos que questionar se a estratégia das últimas décadas é a mais ajuizada ou devemos pelo menos ouvir o que o conhecimento sobre ecologia e gestão do fogo tem produzido. (notem que o básico a fazer para o próximo já agora estava escrito após a tragédia de 2016, mas ninguém lhe ligou…)