“Quando apontamos o dedo a alguém, pelo menos três dedos ficam a apontar para nós.” (Provérbio popular)
“Eles matam tudo e não deixam nada” lê-se no cartaz que o PAN colocou na rotunda do Marquês de Pombal, complementado com uma fotografia dos veados mortos há poucos meses na Herdade da Torre Bela, Azambuja.
Cabe desde já lembrar, que a caça é uma atividade ancestral. Os Homens são e sempre foram predadores de topo. O papel ecológico humano enquanto caçador de grandes mamíferos está presente no nosso território desde a chegada dos primeiros Homo erectus sl. (sugestivamente apelidado de Homo antecessor, descoberto em Atapuerca, na vizinha Espanha, e considerado o mais antigo hominídeo da Europa), há mais de um milhão de anos, ainda os lobos (Canis lupus), principais predadores naturais destas espécies, não haviam aparecido à face da Terra.
Origens à parte, a caça é uma mais valia para a conservação da natureza e para o internacionalmente rateado desenvolvimento sustentável, conforme reconhecido por várias ONGA (Fapas, Geota, LPN, Quercus, Spea, WWF, etc.).
No caso concreto do Veado (Cervus elaphus), visado no cartaz, muito por ação daqueles que “matam tudo e não deixam nada”, a espécie cresceu de apenas cinco municípios na década de 70, para uma distribuição atual que abarca mais de 50 municípios.
Por caça, entende-se “a forma de exploração racional dos recursos cinegéticos” conforme o artigo 2º. (definições) da Lei n.º 173/99. de 21 de Setembro, a Lei de Bases Gerais da Caça. Todavia, amarrado à sua agenda anti-caça, o PAN insiste na demagogia e na propaganda, chamando caça ao massacre que ali ocorreu.
E porque foram os animais massacrados?
Os animais foram condenados no momento em que foi decidido reconverter uma herdade com exploração cinegética e florestal num deserto de painéis solares, o que era do conhecimento de todos, ICN, ministério e autarquia incluídos. Os animais foram condenados por estarem no caminho da descarbonização.
No programa eleitoral do PAN, de 2019, encontramos isto: “Acelerar a transição para um sistema energético com base nas energias 100% limpas e renováveis até 2050, com metas mais ambiciosas para 2030.”
Mesmo ignorantes que escrevem algo como “energias 100% limpas”, terão neurónios suficientes para perceber que apontar o dedo aos outros é pouco prudente. Foi para ir ao encontro de propostas defendidas pelo PAN que os animais foram sacrificados.
Hipocrisia, mentira e branqueamento – no final, tudo corre como pretendido (sim, toda esta confusão só serviu para acelerar os passos que já estavam estabelecidos)… Feio, muito feio.