Nota prévia:
Gostaram do comício (11/11/2023) do Primeiro-ministro demissionário que continua em plenitude de funções no Palácio de São Bento? Que me dizem sobre esta reafirmação da autocracia que caracterizou a governação de António Costa?
O Presidente da República devia reflectir sobre o que assistimos e ter o discernimento de antecipar as eleições para o fim de janeiro. A aprovação do orçamento de estado já era secundária. Ninguém o vai aceitar. Nem o candidato do PS. Depois disto, passou a ser completamente marginal. O calendário de Marcelo Rebelo de Sousa está a contribuir para o irregular funcionamento da democracia. O Presidente da República devia ser o fiel da balança.
A história de Robert Louis Stevenson – O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde – relata decisões entre o bem e o mal. É perfeita para descrever a gestão de negócios socialista de António Costa.
1 António Costa como Dr. Jekyll
No que se refere ao seu património pessoal, o António Costa é um génio. Farta-se de ganhar dinheiro em investimentos imobiliários. Num desses negócios, o andar na rua do Sol ao Rato, António Costa duplicou o investimento que fez em apenas dez meses. António Costa comprou ao casal de idosos, Maria e Joaquim Rosa, um imóvel por 55 mil euros. Dez meses depois, vendeu o andar que seria “para a filha [de António Costa] ficar a morar perto do café do irmão”, por 100 mil euros.
Convém não esquecer que estamos a falar do mesmo António Costa que para além de ser um veemente crítico da especulação imobiliária, também defendeu medidas de proteção dos idosos contra essa mesma especulação. A 7 de maio de 2018, numa sessão com militantes, António Costa asseverou que acabaria com “um dos maiores dramas sociais que o governo PSD e CDS legaram, que foi uma lei das rendas injusta e desumana, que nem os idosos poupa à especulação imobiliária”. Como classificam esta atitude de António Costa com o casal Rosa?
2 António Costa como Mr. Hyde
O Estado tem dinheiro porque cobra impostos e taxas. Como já expliquei neste artigo – António Costa, um medíocre extorsionista –, cabe ao governo decidir quantos e quais impostos (e taxas) os contribuintes são obrigados a pagar. E é igualmente o Governo quem decide onde gastar as receitas. Um dos exemplos das decisões de gastar que o governo de António Costa tomou são os 3,2 mil milhões de euros que o “deu” à TAP.
Em 2015, o Governo de António Costa recomprou apenas 50% (e não 51%) capital social da TAP, perdendo direitos económicos (34% para 5%) e assumindo maiores responsabilidades na capitalização e no financiamento da empresa. Oito anos depois, o Governo voltou atrás e já quer vender a TAP. Infelizmente, após as declarações de António Costa, os eventuais compradores sabem que o valor, i.e., o montante pelo qual comprarão a TAP é secundário. Ou seja, os portugueses não vão recuperar os 3,2 mil milhões que António Costa meteu na TAP. Se isto não é um exemplo de gerir mal o dinheiro dos portugueses, não sei o que será?
Aqui chegados, na escolha entre a boa e a má gestão, temos a certeza de que António Costa Jekyll faz maravilhas com o seu dinheiro. Já o Primeiro-ministro António Costa Hyde é incapaz de fazer o mesmo com o dinheiro dos portugueses.
3 Mas o balanço da gestão do Primeiro-ministro Mr. Hyde não fica por aqui. O país hoje está pior do que estava em 2015. Tudo piorou com António Costa. Ferrovia (alta-velocidade, linha da Beira Alta), travessia sobre o Tejo, aeroporto, habitação, saúde, educação. Por sua vez, a pobreza, a emigração dos jovens qualificados, os sem-abrigos aumentaram. Mas a joia da Coroa foi a economia portuguesa ter sido ultrapassada por vários países, incluindo a Roménia, e o aumento da carga fiscal. Nunca nenhum Primeiro-ministro cobrou tantos impostos (em tão pouco tempo) como António Costa.
Segundo a retórica do Governo, os problemas da saúde são culpa dos médicos e enfermeiros; os problemas da educação são culpa dos professores; os problemas da habitação são culpa dos proprietários e senhorios, etc. De quem é a culpa no caso que levou à demissão de António Costa? Da justiça e do Ministério Público. Enfim…
4 Acabamos de nos livrar do Mr. Hyde como Primeiro-ministro. A última coisa que Portugal precisa é de outro Mr. Hyde. Pedro Nuno Santos, um putativo próximo Primeiro-Ministro, será um Mr. Hyde maior do que António Costa. Pedro Nuno Santos consolidará a Socializândia.
Não há quem queira gastar pior o dinheiro dos portugueses. Estamos a falar uma pessoa que ainda há dias defendeu que é possível aumentar ainda mais a despesa pública permanente porque a mesma está abaixo da média europeia. A certeza com que afirmou essa enormidade é preocupante.
Não é possível que Pedro Nuno Santos desconheça a realidade da economia portuguesa. Para além de termos sido ultrapassados por vários países (só Letónia, Croácia, Grécia, Eslováquia e Bulgária estão abaixo de nós), a nossa economia continua abaixo da média europeia. O diferencial é maior do que o da despesa pública que Pedro Nuno Santos tão orgulhosamente apresentou.