Nos últimos dias, o Governo embrulhou-se numa misteriosa barafunda por causa do novo regime para as reformas antecipadas. O ministro Vieira da Silva primeiro avançou, depois recuou e a seguir hesitou; primeiro falou, depois calou e a seguir confundiu. Deu há dias uma entrevista ao Público e à Renascença e ninguém o entendeu. Foi à Assembleia da República esta quarta-feira e ninguém o percebeu. Pelo meio, os aliados, os adversários e os portugueses ficaram a coçar a cabeça, tentando desesperadamente perceber o que está em causa.

Estas hesitações parecem incompreensíveis. Afinal, se há uma área onde a clareza deve guiar a acção de um Governo — seja este ou seja outro — é a das pensões. Trata-se de um sistema que se baseia na confiança e que, sem confiança, corre o risco de entrar num ruidoso colapso. Por isso, se o ministro entende que é necessário fazer mudanças nas pensões, elas precisam de acumular três características: devem ser bem pensadas; devem ser bem negociadas; e devem ser bem comunicadas.

A dificuldade, para este Governo, está na última característica. O ministro Vieira da Silva pode ter um pensamento irrepreensível sobre o futuro do sistema de pensões. E pode fazer negociações mágicas, à esquerda e à direita, sobre o futuro do sistema de pensões. Mas não pode, de forma nenhuma, comunicar decentemente sobre o futuro do sistema de pensões.

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