Após todos os discursos com pompa e circunstância na Assembleia da República a que nos habituaram nesta data, com a excepção de um, de que não gosto de falar, mas cujo discurso populista caiu bem no seio e nos ouvidos dos Portugueses, apareceu no mesmo dia o Presidente da República, na qualidade de chefe das Forças Armadas, a reclamar mais investimento em armamento, segundo ele para motivar e unir os membros que a compõem.
Parece-me um discurso a reboque da NATO e a fazer lembrar a reivindicação de Donald Trump de que todos os países membros deveriam investir cerca de 2% do PIB – quatro mil e seiscentos milhões de euros, vejam só, 4.600.000.000,00€.
Todos os países membros deverão dar o seu contributo, em meios, homens e infraestruturas quando forem solicitadas.
Portugal tem muito para dar à NATO, militares especializados nos diversos ramos das Forças Armadas, e infraestruturas que tem ao seu dispor, tais como aeroportos militares, incluindo o morto vivo de Évora e as Lajes.
Querer desviar tais verbas de um país pobre como Portugal, onde existem reformas e pensões de 285,00 euros, onde o meu hospital distrital Aveiro nem sequer oferece um equipamento para fazer cataterismos ou uma urgência de urologia, onde existe a incapacidade de actualizar os salários da educação, paralisados há anos, assim como as carreiras dos seus docentes, onde existe a falta de vontade ou incapacidade de reforçar o PRR na fatia que cabe às empresas (1/15 de 15 mil milhões de euros) e só elas podem ser o motor de crescimento económico, criação de emprego e riqueza, faz-me pensar que o corporativismo mundial está a bater à porta dos nossos governantes e decisores para um investimento sem precedentes nas Forças Armadas.