Portugal tomou recentemente uma decisão polémica de acordo com o resto da União Europeia: todos os passageiros precisam de ter o teste para Covid 19 negativo por PCR até 72 horas ou por antigénio até 48 horas antes de chegar a Portugal, mesmo depois de serem inoculados com as duas doses, confirmada pelo certificado electrónico. Esta medida pode ter sido polémica para alguns países, mas na minha opinião é uma decisão correta.

Sabemos que o certificado digital não é uma garantia que alguém não esteja infetado com a Covid 19. Por outro lado, 4-6 meses depois, os anticorpos circulantes reduzem significativamente. É por isso que é recomendado um reforço após 6 meses. E, finalmente, com a nova variante Omicron, ninguém para já possui informações precisas sobre as consequências desta nova variante a médio e longo prazo.

Por estes motivos, Portugal está a seguir o caminho certo. Se quisermos evitar a importação de casos da Covid 19 para o nosso país precisamos de seguir este caminho, mesmo que a União Europeia tenha uma orientação diferente. Cada país tem obrigação de proteger o seus cidadãos. Se tivéssemos tomado essas medidas em todo o mundo no início da pandemia, os números catastróficos de casos fatais não seriam tão elevados. Ainda estamos na hora de evitar mais casos importados e essa medida tomada por Portugal, não é contra nenhum visitante estrangeiro, mas única e exclusivamente para evitar a disseminação descontrolada do vírus.

Testar, testar e testar é a única forma de controlar melhor a pandemia e se vacinarmos também uma grande parte da população, como fizemos e bem, podemos ter uma vida próxima do normal, sem necessidade de confinamento. O que será melhor? Testar mais vezes ou voltar ao confinamento, com repercussões socio-económicas imprevisíveis?

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Mas há exceções em relação às chegadas de passageiros: voos domésticos dos Açores e da Madeira e crianças com menos de 12 anos, que não necessitam de apresentar o teste de PCR ou antigénio negativo. Discordo com estas exceções. Os voos domésticos também podem chegar pessoas infetadas com coronavirus e os anticorpos circulantes também diminuem com o tempo, quer o passageiro venha de um voo doméstico ou internacional.

Também não concordo que as crianças com menos de 12 anos sejam excluídas do teste, porque a idade com mais casos em muitos países tais como em Portugal é na faixa etária inferior a 9 anos. Não é por acaso que foi aprovada a vacina em crianças dos 5-11 anos. A intenção pode ser boa de querer proteger as crianças de testes que nunca são agradáveis para ninguém, mas terão futuramente de fazer testes para Covid 19, mesmo depois de serem vacinadas com as duas doses. Podem ser portadores assintomáticos e transmitirem os vírus às pessoas sem vacinas ou com vacinação completa mas com anticorpos em fase descendente na circulação e afetar também pessoas imunodeprimidas.

A Moderna e a Pfizer anunciaram que em janeiro e fevereiro/março, respectivamente, a primeira vacina contra Omicron estará pronta para ser utilizada na proteção da população. Nada prova que as vacinas atuais não sejam eficazes contra esta nova variante. Os casos são leves e apesar de poderem ter um grau maior de contagiosidade, as repercussões sistémicas comparativamente com a variante delta são inferiores. Será muito difícil para a população mundial aceitar a 4ª dose dirigida única e exclusivamente para Omicron, caso os sintomas continuem a ser ligeiros.

O mais importante é não entrarmos em pânico e continuarmos o caminho certo vacinando a população e testando caso seja indicado, para evitarmos regressar ao passado recente de confinamento.

As farmacêuticas devem guiar as suas orientações em base em evidências científicas.

É isto que esperamos de todos os atores envolvidos nas decisões durante a pandemia