A Polícia de Segurança Pública mostrou, de facto, impecável profissionalismo: num minuto estava na cena do crime, o Centro Ismaili de Lisboa, e neutralizou o agressor poupando-lhe a vida. Aquilo que falhou, aparentemente, foi o Sistema de Informações da República, não detectando nem sinalizando devidamente um islamita em processo de radicalização.

As televisões porém porfiam em distorcer a realidade, encobrindo a natureza premeditada e terrorista do atentado e portanto a notória impreparação actual dos serviços de intelligence nacionais. Para a maioria dos comentadores convidados, muitos deles pertencentes ao OSCOT – Observatório da Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (um lobby maçónico do sector da segurança), o agressor é apenas um infeliz, sofrendo de súbita perturbação psicológica. Deste modo, o ataque perpetrado no Centro Ismaili era pura e simplesmente imprevisível.

Portanto enterrem-se depressa as duas vítimas inocentes e tudo continuará em sossego no aldeamento insondável das nossas informações de segurança. Onde, pelos vistos, a análise tem sido paulatinamente transformada numa burocracia secretarial e as actividades de pesquisa convertidas num detectivismo bacôco.

Porém esta ilusão de normalidade, acalentada por altos responsáveis políticos e institucionais da nação, com a cumplicidade activa de uma certa comunicação social, não é simplesmente patética. É também perigosa para a segurança de Portugal e dos portugueses.

Não podemos continuar a fingir que somos um estranho ou predestinado oásis de segurança neste mundo cada vez mais variável e perigoso.

Para continuar a vender pacotes turísticos. Mas também para que no Sistema de Informações da República Portuguesa nada de substancial tenha de mudar. Nem a absurda manta de retalhos organizativa, nem os métodos de trabalho caducos e impróprios, nem a crónica má gestão dos recursos atribuídos, nem sobretudo a invariável e medíocre casta dirigente ali instalada.

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