Caro Rui Rio, Presidente do PSD,
Dizia Sá Carneiro que: “Em política nada é definitivo, nada é sem risco”. Verdade!
E é por esta razão que, na qualidade de militante base do partido, lhe endereço estas linhas, acreditando que V. Exa. é um homem de coragem. Reside sobre o seu percurso político, um historial de coragem e determinação na prossecução dos valores em que acredita, contra tudo e todos.
Assim,
A possibilidade de o PSD não apresentar candidato próprio à Câmara Municipal de Oeiras, para além de estar fundada em pressupostos errados/enviesados, constituirá um dos cenários mais surrealistas para aquele que é o maior partido político português e que sempre teve nas autarquias a sua maior força e implementação.
Os pressupostos da decisão para Oeiras assentam na narrativa de sondagens que dão um péssimo resultado para o partido. Sabemos que as sondagens nunca o influenciaram na persistência e vontade de ir à luta, conseguindo excelentes resultados, contra tudo e contra todos. Derrotado é quem desiste.
Caro Presidente, atente-se na possibilidade de o partido em Oeiras poder eleger entre 2 a 3 Vereadores. Senão vejamos:
1. Desde 2005, o PSD em Oeiras – não obstante as quezílias internas a nível da sua concelhia, tem sido o partido que melhores resultados tem obtido. Nem mesmo em 2017, porventura nas eleições com maior disputa do eleitorado do partido (repartido em 4 candidaturas) o PSD deixou de conquistar um lugar de Vereação;
2. O PSD, com o (a) candidato(a) certo (a) é o único partido em Oeiras capaz de agregar e liderar uma coligação forte, com outras forças e movimentos políticos, com vista à apresentação de um programa alternativo aos Oeirenses;
3. Com a dissolução do IOMAF – segunda força política com maior percentagem de votos em 2017, e eleição de dois Vereadores, encontram-se estes dois lugares por disputar. O PSD, tendo em conta que se tratam de votantes Social Democratas, não pode abdicar de lutar por este eleitorado;
4. Atentemos a outras realidades nacionais como é o caso da cidade do Porto – onde as sondagens dão uma maioria absoluta a Rui Moreira. Ainda assim, e muito bem, o PSD não abdica de apresentar candidato, mostrando coragem e responsabilidade enquanto partido com responsabilidade local – sob a liderança de V. Exa., honrando a sua história. Porque não adotar a mesma postura em Oeiras?
5. O vazio da não apresentação de uma candidatura do PSD em Oeiras, onde 70% do eleitorado é Social Democrata, abre flanco para que outras forças políticas emergentes, como o CHEGA e a Iniciativa Liberal, ganhem espaço no Concelho.
6. Temos militantes, com coragem, dispostos a encabeçar e apoiar a candidatura e honrar o partido de forma séria e comprometida. Comprometida com o PSD!;
7. Por outro lado, que vigore o princípio que V. Exa. defendeu ao apresentar o candidato de Lisboa: “O PSD não tem de a obrigação de ganhar, mas tem a obrigação de apresentar candidato!” Em Lisboa, em Oeiras, e nas demais Câmaras do país;
8. Preparar o futuro hoje. Estando em causa a possibilidade de o partido vir a disputar e ganhar a Câmara em 2025 ou 2029, não pode hoje deixar de ir à disposta eleitoral, com uma candidatura séria e um projeto de qualidade para o Concelho;
9. A pré-anunciada vitória do atual Presidente de Câmara será própria. Nunca do PSD. Não contará para a noite das eleições enquanto ganho do partido. Apenas com uma candidatura autónoma o PSD pode almejar eleitos locais em Oeiras;
10. Last, but not least. Vingar o espírito reformista que caracteriza a matriz identitária do PSD. Em política perde quem acha que tudo está feito e nada mais há a fazer. Antes pelo contrário, quanto maior a exigência na missão de servir os munícipes, maior a responsabilidade. Num mundo em permanente mutação não podemos dar nada por adquirido. O exercício sério da política assim o exige.
Caro Rui Rio:
Neste contexto, o PSD tem a obrigação de apresentar candidatura. Uma candidatura séria e apenas comprometida com o partido. Apenas assim se explica que o melhor resultado do PSD em Oeiras se tenha verificado em 2013. Pois ninguém defende aquilo em que não acredita. Para se votar na fotocópia, vota-se no original.
Que fique bem claro: não me movem razões pessoais. Não tenho o intento de me apresentar como candidato, apenas quero servir o partido e Oeiras, desde que de forma séria e honrada. Assim foi em 2013 nas autárquicas e em 2017 nas legislativas. Dei muito mais do que recebi, em prol do partido, do país e do concelho.
Este é o tempo de finalmente o partido apresentar uma candidatura séria que mobilize quem estiver interessado em servir o partido e conservar o seu historial político em Oeiras.
E termino como iniciei, referenciando o fundador do partido: “É evidente que prefiro o poder da razão à razão do poder.”
Porque a sorte protege os audazes. Vamos à Luta, Rui Rio!