Antes que seja tarde, dirijo-me aos dirigentes e militantes do PSD. Há todo um eleitorado de olhos postos em vós. Sabemos que o calendário se precipitou e é preciso acelerar calendários para o partido estar pronto a horas para ir a eleições. É exigente? É. Mas um grande partido como é o PSD não pode deixar o seu eleitorado sem opção, sobretudo num momento como este.

O meu apelo surge na sequência do haraquíri público que o CDS fez por estes dias. Com pena, estamos a assistir ao fim do primeiro dos quatro partidos fundadores da democracia. Já aconteceu noutros países, mas por cá, confesso, não estávamos preparados. É o que acontece quando um partido de quadros se transforma numa mercearia de segunda categoria. Num certo sentido, chegados onde chegámos, também acho melhor fechar a porta do que continuar a dar este triste espetáculo ao país. Os que fizeram o partido, deram tudo ao partido e na sua maioria já morreram, lá onde estão, devem agradecer que este filme de terror acabe depressa.

Aqui chegados, sobra o PSD como grande referência do centro-direita. A alternância democrática é um elemento fundamental para um sistema maduro, capaz de dar respostas às necessidades governativas do país. Não passa pela cabeça de ninguém que o Presidente da República não tenha presente que, ao levar o país para eleições, tem que garantir aos portugueses a possibilidade de optarem. O principal partido da oposição está num processo eletivo e só depois de o fazer está em condições de enfrentar eleições. Adiar ou desistir desse processo por causa das eleições não é opção. Poupem-nos por favor ao espetáculo deprimente a que estamos a assistir no CDS.

A democracia tem sempre respostas para os problemas e essas respostas contam com o bom senso de quem tem que tomar decisões. Como eleitora da direita moderada, peço ao PSD que altere os seus calendários com bom senso, de forma a não protelar demasiado as eleições legislativas, mas sem medo de arrumar a casa para enfrentar as eleições nacionais nas melhores condições. No fim das contas, o ato eleitoral pode realizar-se no fim de janeiro ou no primeiro domingo de fevereiro. Não é por 15 dias que o país se prejudica. E quem prejudicou o país foram o PS, o BE e o PCP, não foi o PSD.

Nas atuais circunstâncias, o Presidente da República tem o dever de garantir um ato eleitoral transparente que crie condições para os portugueses fazerem uma escolha em consciência e com o maior leque de opções possível. Compreende-se que a esquerda, o Chega e Francisco Rodrigues dos Santos queiram eleições, se possível, já para o dia de Natal. Mas isso não é patriotismo nem preocupação com os portugueses, é cálculo político para perderem o menos possível. Ora, o que os portugueses precisam é de uma solução estável de governo para os anos desafiantes que temos pela frente e isso não se compadece com calendários oportunistas e calculistas. Esta é a hora de Marcelo Rebelo de Sousa mostrar que, acima dos juízos que fazem sobre ele, está o interesse nacional e a urgência de que destas eleições saia uma solução clara para o país.

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