1. Alterações climáticas – São o maior desafio de médio prazo que a humanidade enfrenta. Em Novembro teremos a COP30 na Amazónia. Que seja um passo em frente no combate às alterações climáticas, na preservação da Amazónia e de todos os ecossistemas em risco, e um maior comprometimento da China e dos EUA neste combate.
  2. Guerra na Ucrânia – Que haja uma solução diplomática equilibrada e com perspetivas de durabilidade, dado que nunca haverá solução militar. Que as concessões, inevitáveis, à Rússia de Putin, sejam razoáveis mas moderadas de modo a não incentivar nem o expansionismo russo nem o chinês sobre Taiwan.
  3. Médio Oriente –   Que acabe o genocídio do povo palestiniano. É condição necessária o afastamento de Netanyahu e do seu governo. Visto que as eleições só estão previstas para final de 2026, que haja algum evento imprevisto que leve à dissolução da coligação no poder e haja eleições antecipadas, com uma nova maioria no Knesset que defenda e acredite numa solução de dois Estados.
  4. Europa – A Europa é hoje, quando comparada com os maiores poderes hegemónicos mundiais, os EUA e a China, um anão político, económico e militar. Na dimensão política, não há muito a esperar no sentido de maior integração, mas nas dimensões económica e militar que 2025 seja, com a nova Comissão Europeia, o início de uma estratégia de políticas industriais e de defesa, verdadeiramente europeias.
  5. África – O maior desafio ao desenvolvimento, nos países de língua oficial portuguesa é, para além de assegurar a paz e os direitos de propriedade, reformar as instituições e passar de instituições extrativas que beneficiam apenas restritas elites político-económicas, para instituições inclusivas que beneficiam a generalidade da população. Qualquer passo neste sentido em 2025 será bem-vindo.
  6. Estados Unidos da América – Trump anunciou já uma política aduaneira agressiva face ao México, Canadá e China, sendo igualmente ameaçadora, mas mais vaga relativamente à Europa.  Se a implementar, é de prever um impacto inflacionista e recessivo nas economias europeias. Que a Comissão Europeia saiba responder a essa política, mantendo a unidade europeia (não  cedendo a interesses nacionais) e negociando ao mesmo tempo que usando a retaliação aduaneira, quando necessária. É a linguagem que Trump melhor entende.
  7. Portugal – Democracia 1 A democracia é um regime político assente na separação e interdependência de poderes caracterizado por um conjunto de instituições que dão a legitimidade de governar e de legislar a quem ganhar a luta competitiva pelo voto popular. Deve estar imbuída de uma cultura política democrática que passa antes do mais pela aceitação das regras de jogo democrático, pela abertura à diversidade de opiniões sobre o “bem comum”. É essencial que, ao contrário de 2024, não sejam permitidos atropelos a essas regras do jogo e que haja verdadeiro respeito pelas instituições democráticas.    
  8. Portugal – Democracia 2 – Parece-me condição necessária, mas não suficiente, para a renovação da democracia portuguesa, a reforma do sistema eleitoral. Permitirá incentivar os partidos a mudar as suas práticas quotidianas de fazer política, aumentar o respeito pela vontade popular e aproximar eleitos de eleitores. Que 2025 seja o ano em que os cidadãos se mobilizem em torno de uma boa solução de reforma que estimule os partidos a regressarem a este tema e tenham coragem de inovar e renovar a nossa democracia.
  9. Portugal – Justiça – Há décadas que os maiores partidos com capacidade de fazer reformas (PS e PSD), falam de acordos ou pactos de reforma da justiça. Grupos de cidadãos já se mobilizaram no mesmo sentido. Nada de essencial foi feito. A única forma de avançar parece ser o estabelecimento de um “pacto de não agressão política”, ou seja, definir áreas de possível entendimento em que os dois grandes partidos dialoguem fora das luzes mediáticas, para que algo de substancial avance. 2025 poderia ser o ano para definir esse espaço de convergência e uma metodologia de trabalho conjunto que perdure e seja imune a eventuais crises políticas.
  10. Portugal – Administração pública: Para se ter um Estado qualificado e eficiente é necessário, entre outras coisas, haver dirigentes motivados e qualificados. Este imperativo pressupõe, por um lado uma distinção entre cargos essencialmente técnicos, onde o mérito deve ser o principal critério de seleção e cargos onde a lealdade política é importante, a par da qualificação para o lugar. Por outro, melhores condições remuneratórias para os titulares de cargos dirigentes. Só com estas duas condições, a aplicar sequencialmente, podemos simultaneamente evitar que esses cargos sejam jobs for the boys ou girls e atraiam gente qualificada. No ano que começa, deveria dar-se o primeiro passo.
  11. Portugal – Habitação, Juventude e autarquias – O caminho que estamos a trilhar, sobretudo nas áreas urbanas, está a pressionar os jovens de classe média e de grupos sociais mais desfavorecidos, a sair dos centros urbanos enviando-os para periferias, cada vez mais afastadas. É preciso uma visão holística e coerente nas políticas de habitação. Não faz sentido, por um lado querer aumentar a oferta de habitações para compra ou aluguer, com medidas que pretendem fomentar novas construções, e ao mesmo tempo querer restringir essa mesma oferta pela diminuição das restrições ao alojamento local. As medidas nacionais urgentes a ser tomadas em 2025 devem ser articuladas, coerentes e acautelar dois riscos: o da especulação imobiliária e o da corrupção. Era bom que as centenas de novos autarcas que serão eleitos em 2025, deem muito mais atenção às funções sociais (educação, saúde, ação social e habitação) agora que os investimentos em infraestruturas estão no essencial realizados.
  12. Portugal – Cultura, desporto e literacia – A literacia geral dos portugueses é baixa. No entanto, a literacia futebolística é absurdamente elevada. Vivemos numa exagerada cultura desportiva, monotemática, que herdámos do “Estado Novo” e que asfixia não apenas outros desportos, mas também manifestações e práticas culturais. Esta pobreza cultural não resulta apenas das preferências dos portugueses, mas também das políticas públicas. Seria bom que em 2025 se desenvolvessem políticas que promovam as manifestações de cultura popular e erudita em todo o território nacional, e espelhem a diversidade da nossa cultura e das culturas que acolhemos e fazem hoje parte do nosso tecido cultural.

Muitos destes votos para 2015 não serão realizados e há várias nuvens cinzentas a pairar no céu. Mas para manter a esperança neste país e no mundo é necessário acreditar que algo possa mudar para melhor.

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