A subida rápida dos preços imobiliários nos últimos anos levou muitas famílias, sobretudo mais jovens, a serem excluídas do mercado.

Os dados do Banco de Portugal mostram que o índice de preços na habitação terá aumentado mais de 7% no último trimestre de 2022 face ao mesmo período de 2021. Já os dados da avaliação bancária das casas subiram 14% entre abril de 2021 e abril de 2022. Ainda assim, os dados apontam para um abrandamento nos preços no último ano e meio. Segundo o Banco de Portugal, o pico de crescimento homólogo terá sido quase 12% no terceiro trimestre de 2021.

Mas será que uma futura redução dos preços das casas é mesmo uma boa notícia?

Para quem está a tentar comprar, será positivo, por exemplo, se resultar de um aumento da oferta através da construção de novas casas, da reconstrução e reconversão, ou até de novas formas de transporte ou de trabalho, que permitam que as pessoas possam viver mais longe da empresa onde trabalham.

No entanto, o abrandamento dos preços do imobiliário resulta em grande parte da ação do BCE que, ao aumentar juros, induz uma redução da procura de imobiliário. Os benefícios para aqueles que querem entrar no mercado são diminutos, se os preços diminuem, mas os juros que têm de pagar aumentam.

Para além do mais, esta semana começou a ressurgir alguma preocupação com o efeito das taxas de juros nos preços do imobiliário. O BCE referiu no último relatório de estabilidade financeira que uma eventual queda desordenada e abrupta seria um risco potencial para a estabilidade financeira. Já o FMI divulgou uma notícia que classifica Portugal como o oitavo país (em vinte e sete) mais afetado pela subida das taxas de juro e onde as famílias têm maior risco de entrar em incumprimento. Para as famílias com maiores dificuldades em pagar a prestação, juros maiores e preços imobiliários inferiores não são uma boa notícia, já que nem vender a casa alivia necessariamente o orçamento.

Embora o risco de uma repetição da crise imobiliária de 2007 seja improvável, porque a posição da Banca, incluindo a portuguesa, é bastante mais resiliente atualmente, também é verdade que é necessário o país estar preparado para reforçar as respostas em caso de uma queda muito abrupta dos preços do imobiliário, para proteger as famílias.

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