Na senda das Olimpíadas o inusitado aconteceu quando, na semifinal da modalidade de tiro com arco por equipas, um atleta Sul Coreano teve de permanecer calmo e totalmente focado para conseguir executar um tiro, ao mesmo tempo que uma abelha o rodeava, acabando por vir a pousar na sua mão.
O foco do atleta e a sua capacidade para lidar com a referida imprevisibilidade, que rapidamente se transformou em adversidade, desembocaram num tiro perfeito tendo sido um contributo precioso para a conquista da medalha olímpica de ouro.
A política e a actuação dos intervenientes políticos deve ter como foco principal quer o fortalecimento da democracia e das instituições democráticas, quer o desenvolvimento de adequadas políticas públicas, com o propósito último de melhorar a vida das pessoas e dos territórios que habitam.
Devem pois, os intervenientes políticos, focar-se, de forma holística, nos assuntos políticos de cariz local, regional, nacional ou internacional para que, sem distrações e com total comprometimento, possam atingir os objectivos que devem ser trave mestra de um política escorreita e orientada para o bem comum.
Mas para que tal aconteça, os que se movem no meio político-partidário, devem evitar centrar a sua actuação unicamente em estratégias e jogos de poder; devem evitar actos irreflectidos, onde só se consegue vislumbrar o brilho baço e ilusório do poder; devem evitar abstrair-se de eventuais toques de Midas e zumbidos de interesses difusos.
Se assim não for, teme-se que o tiro nunca será certeiro e a actuação política tenderá a ser medíocre, com pouco ou nenhum impacto na vida das pessoas por quem foram mandatados.
É evidente que, para muitos mais do que aqueles que seria desejável, o palco político é sinónimo de deslumbramento, é uma forma de aceder, quase que instantaneamente, a um reconhecimento social que de outra forma nunca poderiam sequer almejar. Mas também, para muitos, é uma forma de aceder a um poder tentacular, capaz de trazer muitos benefícios quer para os próprios, quer para os que se movimentam nos mesmos circuitos. E se bem que, actualmente, esta forma de viver a política tenda perigosamente a prevalecer, a verdade é que, mais cedo ou mais tarde, este tipo de política, prejudicial aos interesses das cidades, dos países e das pessoas, acaba por revelar não mais do que lideranças fracas e sem substracto.
Mais cedo ou mais tarde, as pessoas e os territórios acabam por vir a ser confrontados da pior forma possível com o escasso trabalho desenvolvido por este tipo de políticos, cuja actuação tende a pautar-se unicamente em prol da oca política de espetáculo e entretenimento.
Mais cedo ou mais tarde, acabam por ser visíveis as verdadeiras intenções desta estirpe de políticos, que se servem dos cargos que ocupam em beneficio próprio, que se nutrem à custa deles, que fazem deles profissão, que utilizando quase sempre jogos de semântica ensaiados, tantas vezes perigosos, lesam quem com eles se cruzam, somente para se manterem à tona, somente para se perpetuarem nos papeis políticos que ocupam mesmo que os seus tiros nunca tenham sido certeiros e deles só tenham resultado delapidação do erário publico, entre outras coisas menos simpáticas que demonstram a ambição pessoal e sobretudo as suas características morais.