Não. Não é comunicação. É propaganda. Numa semana são várias medidas ditas contra a corrupção, noutra para a saúde, noutra para a habitação, noutra para os jovens. Tudo isto após 10 medidas-chave do programa do Governo. O que são todas estas medidas? Intenções e meras promessas eleitorais. O governo é uma continuidade da campanha eleitoral, já a pensar nas eleições legislativas. Em breve devem surgir um conjunto de medidas para resolver os problemas da Justiça.
As medidas deram sequência a ações propagandísticas falhadas, como a apressada substituição do logotipo e os 1.500 milhões de descida do IRS, quando afinal rondavam apenas 300 milhões. Este comportamento do Governo evidencia que a AD quer eleições legislativas o mais rápido possível. Ainda este ano. Veremos como tudo fará para que o orçamento para 2025 seja chumbado.
Conta, com certeza, com a amizade e a cumplicidade política do Presidente da República. A constante e permanente tentativa de ligação do PS ao Chega, feita por Luís Montenegro, com uma elevada dose de cinismo e muita falsidade, faz parte da estratégia de criar antecipadamente os culpados para o chumbo do orçamento.
E digo cinismo, porque o Chega nada tem a ver com o PS, quer do ponto de vista ideológico quer da prática relativa à defesa da democracia. Objetivamente o PSD é mais próximo do Chega. André Ventura foi militante e dirigente do PSD. O futuro encarregar-se-á de mostrar esta proximidade. Digo falsidade porque fala da abstenção do Chega a propostas do PS, dando a entender que existiu acordo e ignorando o apoio de todos os outros partidos.
Poderá dizer-se que o PS pode sempre deixar passar o Orçamento do Governo da AD. Poderia se existisse negociação e aproximação de pontos de vista. O comportamento presente indica que tal não se verificará. As dúvidas dos mais crentes desfazer-se-ão a breve prazo.
Aparentemente a única exceção será a campanha comunicacional de Luís Montenegro a favor da eleição de António Costa para presidente do Conselho Europeu. Mas não é. Nestas situações, a diplomacia atua com base no silêncio público. Quando muito uma declaração inicial e depois o trabalho dos bastidores.
As inúmeras tomadas de posição do primeiro-ministro sobre este caso mostram que o seu verdadeiro interesse é tirar proveito político do caso. Com António Costa eleito, dirá que foi mérito do Governo. Se não fosse, a culpa era do próprio. O que Luís Montenegro quer é agradar aos que gostam politicamente de António Costa, procurando o seu apoio futuro. Também aqui há campanha eleitoral.