Ainda as armas não se calaram no leste da Ucrânia e já existem motivos mais do que suficientes para a comunidade internacional criar um Tribunal Penal Internacional para a Ucrânia. As pesadas penas contra senhores da guerra noutros conflitos (Ruanda, Jugoslávia, etc.) parecem não ter sortido o efeito necessário.

Está por apurar o acidente de Odessa, onde morreram dezenas de pessoas. Moscovo apressou-se a acusar os “nazis” ucranianos, mas Piotr Poroshenko, Presidente da Ucrânia, diz que a investigação do crime está a ser feita, mas aponta o dedo ao lado contrário, acusando-o de dar refúgio aos alegados autores do crime.

Continua-se também sem saber quem ordenou e realizou a operação que levou ao derrube do avião civil malaio, que provocou centenas de mortos.

E, agora que existe um cessar de fogo muito precário, os milicianos separatistas pró-russos anunciaram a descoberta de valas comuns onde alegadamente foram sepultados cerca de quatro centenas de civis. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia já veio falar de “crimes de guerra” e o Comité de Investigação da Rússia acusa mesmo os militares ucranianos de “genocídio da população russófona do Leste da Ucrânia”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na segunda-feira, Madina Dzharbusynova, representante especial da OSCE para a luta contra o tráfico de pessoas, admitiu a possibilidade de os cadáveres encontrados nas valas comuns em Donbass terem ficado sem órgãos internos, que poderiam ter sido vendidos.

Da parte ucraniana, acusações semelhantes já tinham sido feitas em Julho. Depois da reconquista da cidade de Slavyansk pelas tropas ucranianas, Kiev anunciou terem sido aí encontradas valas comuns com centenas de cadáveres de civis assassinados pelos separatistas. O general ucraniano Alexandre Rozmaznin declarou então que “os cadáveres dos jovens foram lançados pelos separatistas para lagos”. Os separatistas, pelo seu lado, acusaram os ucranianos de terem atirado os cadáveres dos seus soldados para lagos e, depois, os terem retirado para cremar.

Estamos pois perante mais uma página negra na história da Europa que deve ser esclarecida, para que a culpa não volte a morrer solteira e os princípios europeus não saiam comprometidos.

Por isso, parece ter chegado a hora da criação de um Tribunal Penal Internacional para a Ucrânia.