Os hebreus/israelitas/judeus são tão palestinianos – são tão originários da Palestina – quanto os palestinianos. Na verdade, o Reino de Israel precede qualquer outra possível identidade nacional naquela região.
A região que se denomina historicamente como Palestina nunca foi propriamente um país, uma nação, antes uma área geográfica ocupada e administrada por muitos povos e potências coloniais.
Egípcios, Assírios, Babilónicos, Persas, Gregos, Romanos, Bizantinos, Árabes, Otomanos, Ingleses, todos eles governaram ao longo dos séculos as terras da Palestina, a área geográfica que fica entre a Turquia e o Egipto, confinando a Ocidente com o Mediterrâneo e a Leste com a Síria e a Jordânia.
Foi sobretudo durante a ocupação romana e, especificamente, após Roma esmagar as revoltas judaicas, que grande parte da “tribo de Israel” foi deportada ou vendida como escrava, sendo enviada para todo o extenso império romano. Mas nunca deixaram de viver judeus na Palestina, como é bom de ver.
Historicamente, nenhum outro povo foi tão perseguido, reprimido e asfixiado quanto os judeus.
Além das potências ocupantes e colonizadoras já acima referidas, também Portugal e Espanha, a Rússia e os seus progrom e, com maior relevo e destaque, a Alemanha nazi, segregaram, perseguiram, espoliaram, mataram e, no caso dos nazis, tentaram exterminar os judeus.
Desde a fundação do estado de Israel, os muçulmanos em geral também tentam segregar e/ou aniquilar os judeus e o judaísmo.
Não há nenhuma prevalência histórica, sociológica ou religiosa do direito dos árabes palestinianos sobre aquelas terras. Tal como muitos dos israelitas que habitam a atual Israel vieram de fora, também muitos árabes que vivem na Palestina foram sendo trazidos para a região, não sendo dela originários.
Na verdade, apenas uma promessa unilateral, indevida, inválida à luz do Direito Internacional e não cumprida, por parte dos ingleses, fundamenta a pretensão de que toda a Palestina é árabe.
E é nessa frágil e indevida promessa que movimentos como o Hamas ou o Hezbollah, entre outros, ainda negam e, durante anos de mais, muitos estados árabes, negaram o direito de Israel existir.
A criação do Estado de Israel assenta no Direito Internacional. A solução da questão palestiniana encontrada ao abrigo do Direito Internacional baseia-se no “Plano de Partição da Palestina” aprovado pela Assembleia Geral da ONU em 1947, que previa a divisão da Palestina entre um estado judeu e um estado árabe.
Não obstante este plano não ter sido aceite pelos árabes, o estado de Israel foi unilateralmente proclamado em 1948.
Os vizinhos de Israel não reconheceram o direito do estado judaico a existir e atacaram o novo país logo no dia seguinte à proclamação de independência.
Desde então, as guerras e intifadas sucedem-se, na larguíssima maioria das vezes motivadas por atos de agressão dos vizinhos árabes, do Hamas, do Hezbollah e de outros movimentos islâmicos.
Os israelitas, com o apoio importante dos Estados Unidos da América, conseguiram sempre ser mais fortes, decididos e determinados e têm vencido todas as guerras, conquistado vários territórios aos países vizinhos que os atacaram (Faixa de Gaza, Cisjordânia, Montes Golã, etc.).
Parte desses territórios, como a península do Sinai, foram devolvidos.
Israel devolveu também a autonomia política e administrativa a parte desses territórios árabes ocupados (Faixa de Gaza e Cisjordânia, neste último caso apenas parcialmente).
Convém também dizer que foi apenas há 10 anos (sim, em 2013), que a ONU reconheceu formalmente a “Palestina” como Estado, nas suas atuais fronteiras (faixa de Gaza e Cisjordânia). Apesar de, como já vimos, Israel também ser “Palestina”.
E é nestes territórios que a Intifada medra, continuando a não reconhecer o direto de existir ao estado de Israel. É a partir destes territórios que se lançam constantemente rockets e ataques terroristas. O último, de que todos falamos agora, matou mais de 1200 israelitas, na sua maioria civis indefesos, e os rockets continuam a cair.
Ao longo da existência do estado de Israel, os israelitas conseguiram feitos notáveis, tornando férteis os desertos, fazendo renascer o hebraico, uma língua que já ninguém falava há séculos, sobrevivendo rodeados de inimigos num país que tem índices de desenvolvimento humano dos mais elevados do mundo.
Aqui, desde este cantinho católico da Europa, sinto uma admiração brutal por tudo o que os hebreus/israelitas/judeus conseguiram e conseguem e, sobretudo, pela sua força de sobrevivência.
O lugar dos “palestinianos” não poder erguer-se sobre o túmulo de Israel. Sendo certo que Israel também não pode banhar-se no sangue dos árabes palestinianos.
Os dois povos e estados estão condenados a ser vizinhos. Têm de conseguir reconhecer, mutuamente, isto, e construir-se a partir daí, em vez de se tentarem destruir
O ódio acumulado é muito de ambos os lados. A situação é muito difícil, sem preto e branco. Tudo é cinzento, por ali.
Tenho horror aos extremismos e fundamentalismos, e também os há, e muito, em Israel e nas comunidades judaicas.
Mas os judeus, muito antes de serem carrascos, que também são, foram, durante séculos e séculos, as maiores vítimas da estupidez humana.
Ver uns tantos sujeitos na rua a aplaudir terroristas sem o mínimo respeito pela vida humana, sem defenderem no mesmo passo o direito de Israel e dos israelitas à sobrevivência e à legítima defesa, é triste e sintomático destes tempos de extremismos e de falta de ponderação.
Um pouco mais de conhecimentos da história e dos fundamentos das coisas faz muita falta, a muita gente que ergue cartazes na rua.
Respeito pelos árabes civis – não terroristas, nem com eles coniventes – agora cercados em Gaza, sim, mas igual respeito pelos israelitas, pelo choro dos seus mortos e pelo seu direito à existência.