Inicio este artigo com estas cinco citações, perguntando-me quem será capaz de identificar os respectivos autores.

  1. “O liberalismo negou o Estado no interesse do indivíduo em particular; O fascismo reafirma o Estado como a verdadeira realidade do indivíduo.”
  2. “O caminho para o socialismo passa por um período de maior intensificação possível do princípio do Estado (…), [o qual] antes de desaparecer, assume a forma da ditadura do proletariado, ou seja, a mais implacável forma de Estado, que limita autoritariamente a vida dos cidadãos em todos os sentidos”
  3. “Deixe-me dizer em que acredito: no direito do homem de trabalhar como quiser, de gastar o que ganha, de ser dono de suas propriedades e de ter o Estado para lhe servir e não como seu dono. Essa é a essência de um país livre, e dessas liberdades dependem todas as outras.”
  4. “Logo que a sociedade conseguir abolir a essência empírica do judaísmo – o tráfico de influência e as suas condições prévias – o judeu tornar-se-á impossível, porque sua consciência já não tem um objecto, porque a base subjectiva do judaísmo, a necessidade prática, foi humanizada e porque o conflito entre a existência individual e sensual do homem e sua existência genérica foi abolida.”
  5. “Nós somos socialistas, somos inimigos do actual sistema capitalista que explora os economicamente fracos, com salários injustos, com uma avaliação imprópria de um ser humano de acordo com a riqueza e a propriedade, em vez da responsabilidade e do desempenho, e estamos determinados a destruir este sistema sob todas as condições.”

Note-se que só um dos autores das frases supracitadas era um defensor da liberdade e da democracia. Todos os outros preferiam regimes totalitários que eufemisticamente apelidavam de democráticos.

A 8 de junho de 1978, Aleksander Solzhenitsyn alertou para a decadência dos alicerces da democracia ocidental e para os perigos que se colocavam ao futuro da liberdade. Aquilo que Solzhenitsyn classificou como “freedom for good deeds and freedom for evil deeds” é hoje uma realidade inquestionável que promove o desaparecimento da pluralidade e aprofunda a polarização da sociedade num confronto ideológico que, apesar de desfasado da vivência social, continua a persistir e a negligenciar a procura de compromissos com aqueles que pensam de maneira diferente.

A teimosia em afirmar que existe uma democracia boa e uma democracia má, para além de estar a subverter a própria democracia, só tem servido para promover a mediocridade e a corrupção em detrimento dos princípios e comportamentos éticos.

É neste contexto da liberdade para os actos bons e da liberdade para os actos maus, que os partidos com matriz totalitária, como o PCP e o BE, apregoam incessantemente a dita liberdade dos actos bons: os deles! E reforçam essa ideia apontando o dedo às ditaduras e ao ressurgimento do nacionalismo e populismo de direita enquanto desculpabilizam e ignoram as ditaduras, o radicalismo e populismo de esquerda.

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Não há ditaduras boas! Uma ditadura de direita não justifica uma de esquerda nem o contrário o faz. Tanto o corporativismo de Salazar, o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler foram tão maus como o socialismo e/ou comunismo de Estaline, Mao Tsé-Tung, Mengistu Haile Mariam, Pol Pot ou, mais recentemente, a dupla Chávez/Maduro.

Há um traço comum entre nazistas, fascistas, marxistas e trotskistas: são todos inimigos da liberdade e a da democracia. É importante afirmá-lo. Assim como é essencial nunca esquecer que Hitler e Mussolini tinham mais em comum com Marx e Trotsky do que com qualquer pensador liberal.

É de estranhar que Jerónimo de Sousa pergunte o que é uma democracia? O líder comunista não sabe o que é uma democracia. Nem tampouco acredita nela. Porém, discutir o que é uma democracia não é de todo uma má ideia. Não são apenas os comunistas que precisam de aprender o que é a democracia.

Possuidores duma máquina de propaganda que faria corar Paul Joseph Goebbels, também não é de admirar que o BE deturpe sistematicamente a verdade. Então os portugueses que ganham 650€ pagam taxas moderadoras? O que é mais plausível? Que o BE desconheça a portaria 24/2019 e o decreto-lei 113/2011 ou que está deliberadamente a enganar os portugueses?

Tenham muito cuidado com aqueles que dizem praticar a liberdade dos bons actos. Eles não acreditam na pluralidade e tudo o que desejam é acabar com o regime democrático.

Professor convidado EEG/UMinho