Viver para sempre é um dos mais antigos desejos – ou, melhor dizendo, um dos mais antigos mitos – da humanidade. A medicina em geral e as ciências biomédicas em particular alimentam de algum modo, se não o mito da vida eterna, pelo menos a esperança de vivermos cada vez mais tempo e com mais saúde. Há provas de que a biomedicina continuará nesse caminho, embora nem todo o aumento da longevidade resulte exclusivamente das ciências médicas. Entretanto, o prolongamento do envelhecimento por cada vez mais tempo não será, em fim de vida, necessariamente mais saudável do que é hoje e não deixará de terminar pela morte.

Quando nasci, a esperança média de vida à nascença de uma criança do sexo masculino era, em Portugal, cerca de 50 anos; hoje está perto de 80. A longevidade das mulheres já então era, em média, superior à dos homens e, hoje em dia, a diferença ainda é maior devido aos ganhos médicos na gravidez e no parto. É evidente, porém, que o ciclo de vida das pessoas, desde as origens sociais à actividade profissional, continua a condicionar fortemente a esperança de vida de cada um segundo a classe social a que pertence.

Da primeira vez que foi feito um estudo aprofundado dos determinantes sociais das desigualdades em saúde e a esperança média de vida a diferença encontrada pelo médico e investigador Michael Marmot entre os estivadores de Glasgow e os altos funcionários de Westminster era de 12 anos!  Hoje ainda será, no mínimo, metade disso entre trabalhadores manuais e intelectuais nos países mais desenvolvidos, para não falar das diferenças do estado de saúde e da longevidade entre países ricos e pobres.

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