Para a nossa realidade o dado pode ser surpreendente. Nos Estados Unidos, entre a população, com menos de 40 anos, que frequentou o ensino superior, são mais os homens do que as mulheres, a assumir uma filiação religiosa. Nos bancos das igrejas a realidade parece ser semelhante: entre os jovens, são mais os homens do que as mulheres, a preencher as assembleias. Sabemos o seu perfil.
Rejeitam aquilo a que chamam “catolicismo bege”. Não querem algo acessível. Querem um catolicismo difícil, estranho e de combate. Não querem acampamentos de verão. Querem retiros de silêncio. Não querem discernimento. Querem afirmação. Não querem homilias curtas. Querem alguma coisa substancial.
Há quem aponte que se sentem desarmados, insatisfeitos e sobrecarregados. Ouvem Jordan Peterson e Joe Rogan e sentem-se nostálgicos. Estão cansados de ouvir críticas ao “patriarcado” e rejeitam ser “sociopatas” por natureza. Estão fartos de grupos em roda a falar de sentimentos, e desejam assumir, de novo, o topo da mesa e o cargo de “chefe de família”.
No princípio do século, Christopher Hitchens afirmou que “Deus não é grande”. Agora, esta nova geração quer resgatar essa grandeza. Olha para Deus mais como juiz, do que como Pai Misericordioso. Acredita que as crises de credibilidade pelas quais a Igreja tem passado são mais perseguições anticlericais, do que pecados estruturais. Está mais preocupada com a apologia, do que com inculturação, e admira autores como Chesterton ou Tolkien.
Tenho 28 anos. Saí do ensino obrigatório há mais ou menos 10. Na altura, quem não tivesse um olhar positivo sobre as mudanças sociais era visto com desconfiança. Hoje, nos corredores das escolas, a situação é bem diferente. Há muita gente, incluindo professores, saturada das políticas de inclusão. Queixam-se que, no final de contas, quem não está incluído são eles próprios.
Geralmente diz-se que o Papa Francisco tem boa imprensa. Mas, ainda este ano, ouvi um grupo numeroso, insuspeito e bastante classificado de jornalistas a dizer que, entre ele e Bento XVI, não tinham dúvidas em afirmar que o segundo era muito mais humilde que o primeiro. E isso mostra como nem tudo é o que parece.
A interação geral com a globalização, o secularismo e a laicidade tem sido cada vez mais conflitual e o movimento Make the Church Great Again já começou. Existe só um problema. O Catolicismo não é um heroísmo. Francisco de Assis não foi o Elon Musk do seu tempo. O Mundo não é Gotham City. E quem quis fazer da Igreja uma fortaleza acabou sempre esmagado pela muralha.