É para mim uma honra terem-me pedido este texto sobre o Miguel Beleza. Conheci-o pouco, mas é de uma geração de economistas Portugueses particularmente brilhante, a quem devemos muito. Foi a primeira geração a fazer o doutoramento nos Estados Unidos. A atravessar o oceano para estudar nas Universidades por onde andavam boa parte dos prémios nobéis passados e futuros. Dessa geração fazem parte o Diogo Lucena, o António Borges, o Jorge Braga de Macedo e o António e o Manuel Pinto Barbosa. Estes foram estudar para as dez melhores universidades de economia do mundo por publicações académicas. Aventuraram-se, sem precedentes, sem guias.

Sempre me disseram que o Miguel Beleza era dos mais brilhantes dessa geração. Estava nesses anos setenta no MIT. Tinha como colegas o Paul Krugman e o Ben Bernanke, como professores o Modigliani, o Solow e o Samuelson. Esta geração dava o exemplo para as próximas. Mostrava-nos, e à geração anterior à minha, que era possível. Provavelmente, permitiram que fosse possível. Encorajaram-nos. Eram economistas brilhantes, treinados com os melhores.

Ainda estava na faculdade quando foi ministro e por isso não o terei tido como meu professor. Mas estávamos contentes e orgulhosos por ter um ministro das finanças com este pedigree académico. Quando a minha geração partiu para os Estados Unidos o Miguel Beleza era governador do Banco de Portugal.

Para nós o caminho estava aberto. As oportunidades apareciam. Graças a pioneiros, “trailblazers” como dizem nos Estados Unidos, como o Miguel Beleza. Conheci-o só nos últimos anos e ainda tive a oportunidade de usufruir do seu humor fino. E continuei a ouvir dos seus pares: “O Miguel era uma das inteligências mais brilhantes da minha geração”.

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