Os últimos dias tornaram ainda mais dolorosamente evidente que os políticos não são de facto todos iguais.
Se fosse preciso ainda mais vez demonstrar as diferenças, bastaria relembrar que uma das primeiras respostas aos fogos de 2017 deste Governo foi a criação um focus group para avaliar a popularidade do executivo, pondo a sua imagem acima da exigência da governação
Ou ver todos os dias que é um Governo socialista e apoiado pelas esquerdas que votou ao abandono os serviços públicos, e deixa os doentes à espera meses e anos por consultas que podem transformar a qualidade e até duração de vida. Ou que deixa medicamentos fundamentais esgotarem. Mas tenta atirar areia para os olhos dos portugueses, quando fala em aumento na despesa em saúde, que de facto serve apenas para compensar a redução dos horários dos profissionais.
Ou que é ao Governo Socialista que as famílias e as empresas podem agradecer suportarem a carga fiscal mais elevada de sempre em Portugal, e a segunda taxa de imposição mais elevada da OCDE sobre os lucros.
É também o Governo das proclamações enganadoras sobre o milagre financeiro que não esconde mais do que os cortes do investimento público para valores inferiores a 2015, que servem para financiar despesa corrente e pagar as 35 horas na função pública que, prometiam, não teria efeito nenhum nos serviços aos cidadãos.
Ou recordar que foi o Partido Socialista que evitou até quase ao final da legislatura que fossem apurados os factos ruinosos da gestão de Armando Vara e Carlos Santos Ferreira na CGD ao Parlamento, fechando à pressa a primeira Comissão de Inquérito à CGD que estava a tornar-se demasiado incómoda. Ou lembrar o Primeiro Ministro numa conferência de imprensa exultante e ladeado pelo Ministro das Finanças, deliberadamente escondendo dos portugueses quais os verdadeiros custos para os contribuintes da venda do Novo Banco.
Se fosse preciso ainda mais uma demonstração da diferença entre políticos, nos últimos dias soubemos que pelo menos um membro do Governo foi acusado de encobrir informação sobre o crime de Tancos, que informou um deputado que se calou, e a ser verdade a acusação, mentiu na Comissão de Inquérito a todos os deputados que representam os cidadãos.
Para lá das acusações, que são graves, dos jogos de espelhos que tentam fazer esquecer os problemas por entre a fumaça do espetáculo, o dano mais grave deste Governo é porventura o de abalar a relação de confiança entre os políticos e os cidadãos, que é a base de uma democracia representativa.
Esta acusação, as provas que foram divulgadas seriam elas só suficientes para a responsabilização política não só do ministro mas de todo este Governo. Mas o que o comportamento do Governo demonstra desde o início é que este não é apenas um caso, antes representam uma estrutura de atuação. Não é um evento isolado, é uma cultura de impunidade. Não é (apenas) incompetência, é, demasiadas vezes, má-fé. E esta cultura tem o efeito de machadadas no próprio coração da democracia.
Por isso não podemos ter medo de mostrar a diferença. O PSD pode restaurar essa confiança. Não foi (só!) o partido que tirou o país de uma pré-bancarrota em 2011. É um partido que nos últimos quatro anos lutou constantemente pela verdade, em Comissões de Inquérito Potestativas porque a esquerda as tentava bloquear, em interpelações, perguntas e pedidos ao Governo que muitas vezes ficavam por responder.
É um partido plural, de gente sem cartilha, que pensa e tem ideias diferentes para perseguir o mesmo ideal de humanismo e de liberdade. Pessoas que têm andado na rua e fazem campanha, ultrapassando divergências para dizer basta de governação socialista. Porque não somos todos iguais e não queremos mais quatro anos deste Governo.
Deputada do PSD