Sendo lisboeta, estive recentemente no outrora nosso Lx Factory. Digo “outrora” pois certamente não está direcionado para o consumidor português. Um bom ambiente, como se visitássemos outra cidade dentro da nossa, visto que pouca gente fala português para além dos funcionários. Eis que, numa montra de café, vislumbro uma sandes de salmão com philadelphia. Preço? Uns singelos 9 euros.

Não tenho nada pessoal contra empresários que cobram 9 euros por uma sandes, pois o mercado dita o preço a pedir, nem nada pessoal contra estrangeiros no nosso país, venham eles. Tenho, porém, algo contra a sociedade demasiado díspar economicamente que estamos a criar no nosso país. Uma sociedade em que não é possível aos locais subirem na vida a trabalhar e onde são confrontados todos os dias com um poder de compra gigantescamente superior, criando uma clivagem e tensão sociais preocupantes.

Podemos não estar a convergir com a Europa em ordenados, mas em preços parece que estamos. O Partido Socialista tem realmente o mérito de ter criado uma sociedade socialista. O problema é que nos está a transformar na Cuba da Europa. Um país que se assemelha a um bonito jardim zoológico de pessoas pobres, à beira-mar plantado, onde os estrangeiros – geralmente provenientes de países mais liberais – vêm alegremente gastar o seu dinheiro.

Cuba, essa ilha de natureza magnífica, onde as praias paradisíacas atraem muitos veraneantes mundiais aos seus resorts, mas onde se ignora que os cubanos mal têm comida. Onde o charme da destruição de Havana dá boas fotografias nas redes sociais, mas se ignora que os cubanos mal têm casas de pé. Um país que exporta médicos, mas tem filas de 3 dias para um Ben-u-ron.

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Tal como Fidel Castro, que provinha de uma família altamente privilegiada e que aos 10 anos (dizia ter 12, a mentir já era profissional socialista) escrevia ao presidente Roosevelt a pedir dinheiro e infligiu ao povo cubano um sofrimento pelo qual nunca passou pessoalmente, Costa e Medina vão pelo mesmo caminho em Portugal.

Em Cuba, vão 64 anos de uma ditadura sem voto livre ou sequer eleições. Em Portugal o PS tomou o poder juntando-se a dois partidos, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista Português que apregoam essa mesma ditadura como caminho para a prosperidade. Resultou? Não me parece.

O povo deu a António Costa uma maioria absoluta. Porém, por muita gente votar na mesma canção, não significa que esta seja a melhor caução, ou a única canção.

No entanto António Costa não está inteiramente errado. Talvez esteja a ser injusto pois aparentemente o país das contas certas está neste momento a fazer lucro. Lucro, que é como quem diz, a asfixiar os Portugueses com muito mais impostos do que o dinheiro gasto pelo Estado.

O preço do superavit de Fernando Medida e António Costa parece ser a ausência de serviços públicos de qualidade. Temos a infelicidade de termos elegido governantes que não fazem ideia de como criar riqueza e se limitam à gestão corrente e à ausência de reformas estruturais na condenação de um país à serventia para com o turista.  Sandes de 9eur, só mesmo para alguns portugueses.

O preço da gestão socialista e dos anos de Geringonça é um Estado falhado.

É um aumento de 78% do número de pessoas sem abrigo, mas hotéis de luxo em todos os cantos. É uma carga fiscal recorde em todos os níveis, mas mentir em plena Assembleia da República dizendo que se estão a baixar os impostos. É a alarmante diminuição da produtividade, mas dizer que sabemos pôr o país a crescer. É falar de democracia quando se tem um governo socialista que considera a maioria absoluta um poder absoluto. É a ausência de habitação e não entender que boa parte dos problemas foram por eles mesmos criados. É o SNS em ruptura e continuar a mandar dinheiro para a fogueira, não entendendo que é de gestão de qualidade que os serviços precisam.

Este governo de maioria absoluta iletrado e opressivo, incompetente e arrogante, mesmo em democracia, não funciona.

A verdade é que, como Thatcher dizia, o socialismo funciona até acabar o dinheiro dos outros e o nosso parece ter acabado. Não fosse a caridade europeia e o dinheiro que os turistas cá deixam e provavelmente seríamos a Cuba da Europa.

Corria o ano de 1959 quando Seymor Martin Lipset explanou que um dos maiores factores que promovem a democracia é o aumento da riqueza. O desenvolvimento económico consolida a democracia na medida em que eleva os níveis de educação e conduz à redução da pobreza. Por sua vez, o aumento da literacia leva à criação de uma classe média impulsionadora da sociedade civil que exige determinadas liberdades e condiciona a actividade dos actores políticos.

Regressando à realidade portuguesa por um momento, quem consegue pagar 9 euros por uma sandes? A nossa classe média? A nossa classe média situa-se numa escala de rendimento entre os 688 euros e os 1836 euros mensais. Uma sandes de 9 euros representa cerca de 1,3% do rendimento mensal por um lanche.

A única solução para Portugal é pôr o país a crescer economicamente. Restaurar o elevador social e permitir que se suba na vida pelo esforço, engenho, educação e dedicação.

“Então como o fazemos?” pergunta o leitor. Conferindo liberdade ao povo para criar. Liberdade ao povo para existir. Afastando este Estado vampírico do nosso pescoço. O Estado deve existir para ter um papel regulador das instituições e fornecer serviços básicos, não para dirigir a economia.

Devemos almejar um Estado que forneça serviços públicos ajustados aos impostos que cobra. Devemos almejar a diminuição de impostos e a instituição de incentivos às empresas para produzir mais, exportar mais e pagar melhor aos seus colaboradores. Devemos fundamentalmente parar de fazer falsa política para as eleições e começar a fazer verdadeira política pública para as pessoas.

O objectivo deste país, cada vez mais isolado na União Europeia, tem de ser a diminuição da pobreza.  Ao contrário do que nos diz o PS, diminuir a pobreza e aumentar a igualdade não são a mesma coisa. Ainda há pouco tempo se viu que a igualdade em Portugal aumentou, mas a riqueza diminuiu.

Por este caminho, avançamos para uma Cuba europeia, em que somos todos iguais, mas somos todos paupérrimos.