Pela primeira vez na sua vida o CDS não está representado no nosso Parlamento. Até por isto, o próximo Congresso deste fim de semana é único e de enorme importância. Temos que aprender com o passado e, apesar de tudo, olhar com esperança para o futuro.

Surpreendentemente o partido tem mostrado vitalidade e na preparação para este Congresso já foram anunciadas várias moções. Só posso estar agradecido a quem fez este esforço, mesmo aqueles que não tenham participado na última campanha eleitoral na ajuda a uma boa votação da direita civilizada, social, moderada e sensata que o CDS representou.

É evidente que existem no partido enormes feridas ainda por sarar. Para qualquer observador é claro que existe um grupo, de que faz parte Nuno Melo (pessoalmente tinha esperanças que fosse Mota Soares a dar o passo em frente), que com exceção dos poucos anos de Ribeiro e Castro e Rodrigues dos Santos, liderou o partido nas últimos 25/30 anos e um outro que se revia mais nestas duas lideranças. Podemos falar de uma divisão entre os pragmáticos (com alguma dose de idealismo) e os idealistas (com alguma dose de pragmatismo). Todos fazem hoje falta ao CDS.

O problema é que o partido já bateu tanto no fundo e são agora tão poucos os que no país confiam ou sequer ligam ao CDS que é fundamental que a próxima liderança possa ser respeitada por ambas as “fações” e pelo país em geral. Que não se preocupe com os seus pequenos interesses pessoais, mas sim com a sobrevivência do partido e o desenvolvimento do país. Por outro lado, deve ser ter a força e notoriedade que garanta a capacidade de envolver e motivar as bases a fazer o trabalho de “formiguinha” tão importante nos próximos tempos de ausência do Parlamento. O único partido bem enraizado na cultura portuguesa que defende a democracia cristã continua com uma importante implantação autárquica no país, o que só reforça a necessidade do CDS reforçar as estruturas e dirigentes locais e beneficiar de uma participação descentralizada. É por isso que voltando a dar os parabéns a todas as moções já apresentadas e àqueles que se predispõem a liderar o partido, vejo com particular simpatia as que saíram das estruturas locais que reafirmam a matriz essencial do CDS.

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