Depois de décadas a lutar contra o rótulo de extrema direita que tentaram colar ao CDS e agora que com o aparecimento do Chega esse problema parece estar resolvido, surgiram outros preconceitos que afastam pessoas do voto no CDS apesar de se reverem no que o partido defende.

1 O líder é um “miúdo”

Sendo legítimo não gostar do estilo ou até do político (continuo a achar que FRS tem injustamente uma imagem negativa junto de alguma opinião pública que nunca lhe deu uma oportunidade), este tipo de critica é muitas vezes assente apenas numa discriminação etária. O Francisco Rodrigues dos Santos tem 33 anos. Claro que não tem a experiência das pessoas da minha idade, mas já tem maturidade suficiente para ocupar cargos de responsabilidade e ainda ganha em conhecimento da realidade e problemas de pessoas da sua geração (vê-se isso no programa do partido para estas eleições). É um homem que chegou por mérito próprio à responsabilidade de ser o líder do CDS e que tem o vigor certo para aguentar “a pedalada” da política dos dias de hoje. Tendo feito carreira no meio político (ao contrário de outros acredito que é positivo existirem pessoas que se dedicam a esta nobre atividade de serviço aos outros).

2 É um partido das elites

O CDS teve como génese pessoas desinteressadas que tinham uma determinada matriz de valores e sempre foi um partido que atraiu os melhores quadros do país. Isso não pode ser visto como negativo. Em termos de apoio existiu uma transversalidade em todas as classes sociais, até porque o partido sempre defendeu princípios comuns a grande parte dos portugueses, embora quem tenha o seu pequeno negócio, e/ou seja contribuinte, trabalhe no mundo rural ou no terceiro sector e os idosos tendam a valorizar um partido conservador mas de espírito reformista, promotor da livre iniciativa e que se preocupa em particular com os mais frágeis na linha da doutrina social da Igreja.

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3 Os melhores já saíram do partido

É verdade que gente com qualidade se afastou do partido, alguns até com estrondo e até são estes os que têm maior notoriedade. Isto acaba por dar uma imagem enviesada do partido e falo com conhecimento de causa: o CDS tem fantásticos valores que estão a renovar o partido, a quem só falta a oportunidade de mostrar o que valem. Tenho esperança que quem antecedeu FRS na liderança do partido ainda surja a manifestar apoio público nesta campanha e que não desistiram do partido.

4 O CDS morreu

É do interesse de muitos que esta possibilidade venha a ser uma realidade. A verdade é que é este é ainda o único partido bem enraizado na cultura portuguesa que defende a democracia cristã. Não existe mais nenhum assim embora claro existam sobreposições em alguns temas com o PSD, IL (que com alguma graça FRS apelidou da Direita de que a Esquerda gosta) e Chega (que o mesmo FRS refere como sendo a caricatura de Direita que interessa à esquerda). As últimas eleições autárquicas deixaram evidente a importância do papel do CDS e a sua implantação no país. O património do centro-direita em Portugal está bem vivo neste partido. Mas concordo que estas eleições são uma espécie de prova de vida e acabando o CDS temo que acabe em Portugal a direita civilizada, social, moderada e sensata. Espero que dia 30 seja dada a resposta certa aos “profetas da desgraça” que se julgam donos dos votos dos portugueses.

5 É um voto desperdiçado

As sondagens (que historicamente sempre foram tendenciosas contra o partido) mostram que o CDS terá dificuldade em eleger mais do que 2/3 deputados. Tivemos provas bem recentes de como as sondagens falham mas neste caso existe mesmo o risco de na cabeça de muitos potenciais eleitores do CDS que o seu voto possa não servir para nada. Sendo que tanto no Porto como em Lisboa ainda é claro que votar CDS ajudará a eleger deputados, a verdade é que nomeadamente em círculos como Braga e Aveiro e eventualmente Leiria, Santarém, Setúbal e Viseu, existem esperanças fundadas na eleição dos cabeças de lista. Se o eleitor de centro-direita for ao ponto de comparar a qualidade e percurso destes candidatos aos das alternativas dificilmente deixará de concordar que o CDS fica a ganhar.