Que pena já ter terminado o congresso do Partido Socialista. Fez-me recordar tempos de juventude, o certame na Feira Internacional de Lisboa. Há umas boas décadas, era também na FIL que eu me deslumbrava com os potentes veículos expostos nos salões automóvel. Passados tantos anos, pude deslumbrar-me, não tanto com a estética de potentes veículos, mas com a coroação do proprietário de potentes veículos, Pedro Nuno Santos.

É verdade que a FIL até mudou de sítio, neste longo intervalo de tempo. E não é menos verdade que a estética dos automóveis lá expostos me interessaria menos do que a estética das senhoras que apresentavam os automóveis lá expostos. Interesse só ultrapassado pelo coleccionismo de autocolantes de marcas de carros, como é óbvio. Agora, do que já não há qualquer dúvida é que Pedro Nuno Santos, esse, não cola.

Apesar de, e uma vez que mencionei questões estéticas, Pedro Nuno ter dado muito que falar. Desde logo pela opção de levar aquela camisola justa de gola alta. Há quanto tempo não víamos um líder do PS optar por algo justo? Nem me lembro de alguma vez tal ter acontecido, para ser sincero. Talvez com António José Seguro, não sei, mas a sua liderança foi tão habilmente encurtada, que não estou certo de ter dado tempo para isso.

Já para não mencionar a gola alta. Que vou mencionar de imediato, porque fez furor junto do público de todo um infinito espectro de géneros e maus gostos. Não se via uma gola com tanto potencial para deixar gente ruborizada desde aquelas golas anti-fogo, produzidas com material inflamável, que a Proteção Civil distribuiu em 2019 com o beneplácito do governo de Costa.

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Tanto como a gola, o que chamou a atenção na camisola de Pedro Nuno foi o facto de, ao levantar os braços, lhe deixar a barriga à mostra. O que pode explicar algo que o agora líder do PS afirmou durante o congresso e não percebi bem na altura. Em directo, fiquei com a sensação que ele teria dito ambicionar um “país de topo”. Mas a julgar pelo abdómen revelado pelo agasalho, talvez tenha dito querer “um país de top”. Ou então, enaltecendo a mexicanização de Portugal às mãos do PS, pode bem ter mencionado desejar “um país de totopo”, aquele delicioso item de milho plano, redondo, ou triangular, semelhante a uma tortilha, que foi torrado, frito ou assado. Ui, esta última hipótese faz crescer quase tanta água na boca como o Pedro Nuno de gola alta.

Mas relevante, relevante, foi o momento em que o novo líder do PS recebeu o filho no palco. Para começar, esclareço que não me apanharão a criticar demonstrações públicas de afecto entre um pai e um filho daquela faixa etária. E esta será, em princípio, a única questão política em que eu e Pedro Nuno Santos somos siameses. Para além disso, foi muito reconfortante constatar, em directo, que é perfeitamente possível a um destacado elemento do PS ter um relacionamento saudável com crianças.

Donde se comprova que Pedro Nuno Santos é forte junto de filhos. Até de filhos dos outros. Basta ver que o filho de António Costa diz preferir a liderança de Pedro Nuno à do próprio pai. Mesmo tendo em conta que, como Costa pai salientou no final do congresso, graças à sua governação “o diabo não veio”. E eu posso confirmar que foi literalmente graças à governação de António Costa que o diabo não veio. Que eu conheço malta que trabalha no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e me confirmou que o diabo está nas Urgências, queixoso com temperaturas muito altas e pulseira vermelha, à espera para ser atendido desde sexta-feira passada.

Ainda assim, é um profissionalão, este diabo. Não podendo, ele próprio, marcar presença, delegou este belíssimo trabalho que faz de Portugal “o único entre mais de 20 países com a classificação mais alta no excesso de mortalidade”. Não pára, a senhora da foice. E o governo do PS ainda não se foi.