1 Embuste dos doentes Covid-19
Como explicar que o número de indivíduos com Covid-19 aumente de dia para dia e o número de doentes internados e em cuidados intensivos não pare de diminuir? Como explicar que haja hospitais centrais que tiveram, nestes dois meses e meio, apenas 15 pacientes internados, dos quais 2 em UCI, todos melhorados e com alta, estando há um mês sem um único paciente com Covid-19, se o número de indivíduos com Covid-19, no país, não pára de aumentar? Como explicar que, na época de gripe, 15 doentes é, muitas vezes, o número que se interna num ou dois dias, e nem todos os pacientes terão a sorte de ter alta?
Como explicar que, quando se faz a pergunta «conhece alguém com a doença Covid-19?», quase todas as pessoas respondam que não?
Como explicar que, quando se pergunta «então, e na época de gripe, nos três meses de Inverno, conhece alguém que tenha tido gripe?», a resposta seja invariavelmente «sim»?
Mas afinal o que é que se passa?
A resposta é simples. O número de doentes apresentado na comunicação social com Covid-19, mais não é do que o número de pessoas que apresentaram um teste positivo. Mesmo que não tenham tido, não tenham, nem nunca venham a ter, qualquer sintoma da doença. Se fosse há uns anos atrás, em que não havia testes e «doentes» eram, apenas, aqueles que iam ao médico porque estavam doentes, quantos doentes teríamos afinal?
O teste para o SARS-CoV-2 foi concebido como teste de diagnóstico, para confirmar se determinado indivíduo que apresentasse sintomas suspeitos, teria ou não a doença Covid-19. Em Portugal decidiu-se, abusivamente, transformá-lo num teste de rastreio. E eis que se começaram a rastrear populações e populações, muitas das quais nunca tiveram qualquer sintoma, quanto mais a doença. Decidiu-se rastrear educadores de infância, auxiliares de educação de creches, desportistas de alta competição, funcionários de determinadas empresas, contactos, dos contactos, dos contactos. Pessoas que não estão doentes. Qual o interesse de um teste positivo, nestas circunstâncias? Do meu ponto de vista, nenhum. Só estamos a criar problemas onde não existem.
Com aquilo que custa cada teste, quantos milhares de euros se estão a gastar sem fundamento e que todos nós iremos ter, mais cedo ou mais tarde, que pagar? E para quê?
Se temos enfermarias desertas em pleno surto da doença e Unidades de Cuidados Intensivos com cada vez menos internados, quantos afinal é que estão realmente doentes? Sem dúvida nenhuma, muito menos do que numa normal época de gripe, em que em dois dias, se internam tantos num hospital central, como aqui se internaram em dois meses e meio. E, nas épocas de gripe, o país nunca fechou (e bem), mesmo havendo nos hospitais enfermarias e serviços de urgência a deitar pelas costuras, com doentes internados em macas e nos corredores.
2 O embuste dos mortos Covid19
De 16 de março de 2020 até 31 de maio de 2020 faleceram no nosso país 1410 indivíduos com Covid-19. A preposição está bem colocada, «com» Covid-19. É que, para esta doença, foram modificadas as regras da normal classificação das causas de morte em Portugal. Parafraseando um artigo de 1 de abril de 2020 de Ana Kotowicz:
«(…) esclareceu Graça Freitas. Ou seja, tal como em Itália, Portugal está a registar os óbitos com Covid e não apenas os por Covid. A escolha da preposição faz toda a diferença. Até agora, antes da pandemia, um doente oncológico, por exemplo, podia morrer infetado com Covid, mas o cancro não deixava de ser a causa da sua morte na contabilização. Agora, tudo mudou… Em muitas situações, o que codifica a causa de morte é a causa básica. Uma pessoa que tem uma doença oncológica terminal, e que nos últimos dias da sua vida teve uma pneumonia bacteriana que a matou, de facto, esse foi um evento terminal, mas é a sua doença oncológica que é codificada como causa de morte(…) Em tempo de pandemia, as regras foram alteradas(…) Havendo Covid e havendo a menor suspeita de que possa ter sido Covid, estamos a considerar Covid, ao contrário de outros países da Europa. (…) Os óbitos são mortes com coronavírus e não apenas mortes por coronavírus.»
E é assim que, ao contrário de outros países da europa, estamos a atribuir mais mortes ao Covid-19 do que aquelas que realmente o são.
Mais uma vez, do acima explicado se compreende que, se a DGS não tivesse alterado as regras da atribuição das causas de morte, o número de mortos Covid seria muito inferior. E é desta maneira que quem morra em consequência de uma doença oncológica, de um enfarte, de um AVC, só para dar alguns exemplos, se tiver um teste positivo para Covid, passa a entrar na mortalidade por Covid e não na mortalidade pela verdadeira causa de morte que levou ao seu falecimento.
3 O embuste das medidas
Foi considerado por muitos que a aplicação das medidas, que a todos nos foram impostas, tinha como justificação salvar muita gente doente, com Covid-19, da morte.
Do dia 16 de março de 2020, em que faleceu o primeiro paciente com Covid-19, até ao dia 31 de maio de 2020, faleceram em Portugal 25634 pessoas, mais 2782 do que no mesmo período de 2019. Se tivermos em conta que dessas mortes foram consideradas 1410 com Covid-19, significa que, das pessoas que faleceram a mais este ano, em Portugal, 1372 morreram, em excesso, por outras causas. Se levarmos em linha de atenção que, ainda por cima, muitas das conferidas ao Covid-19, com a anterior classificação da mortalidade, nem sequer seriam atribuídas ao vírus SARS-CoV-2, faleceram em Portugal, em apenas dois meses e meio, várias centenas ou milhares de pessoas a mais (por causas não Covid) do que no ano passado. Infelizmente, penso que este aumento de mortalidade não terá ficado por aqui. Porque as consultas de rotina, realização de exames, cirurgias, entre outros, estão com uma dificuldade de marcação ou realização sem precedentes. O acesso da população aos cuidados de saúde continua muito complicado.
Sujeitámo-nos a medidas terríveis e morreu muito mais gente, que não precisava de ter morrido. Tudo porque se considerou que impedir o normal funcionamento (e em alguns casos mesmo fechar) hospitais, centros de saúde, laboratórios e clínicas de exames de diagnóstico, não iria ter uma tremenda repercussão na saúde da população.
4 O embuste da calamidade
Como se pode justificar a calamidade que referem existir se, em pleno surto de pandemia, num dos hospitais centrais do país, foram internados apenas 15 pacientes, número que se interna em apenas dois dias (ou menos) num surto de gripe? Como justificar a calamidade se quase todos nós nunca contactámos, vimos ou ouvimos falar de alguém que tenha tido a doença Covid-19, sem ser pela televisão? Como justificar a calamidade se quase nenhum de nós conhece ninguém que tenha morrido com Covid-19, quanto mais por Covid-19?
E, mesmo assim, as restrições em todo o normal funcionamento da nossa vida não desaparecem.
Mais uma vez, o que é que andamos a fazer?
Foram implementadas medidas de uma violência sem precedentes, que nos limitaram (e continuam a limitar) a liberdade.
Medidas que não deixaram de fora um único cidadão português: desde os recém-nascidos que não puderam ter os pais presentes na hora do seu nascimento, às crianças e jovens que deixaram de poder ir às aulas e de poder brincar e conviver. Desde os adultos, em que muitos se viram (e vêm) sem trabalho, sem rendimentos e em profundo desespero, aos idosos que ficaram, presos e aterrorizados, em casa, até aqueles que faleceram num hospital e que não puderam ter nenhum familiar perto de si nos últimos dias da sua vida, nem puderam ter um funeral condigno, nunca nada, de tão violento e com um preço tão elevado, tinha sido imposto no nosso país.
O número de testes positivos não é o número de pessoas com doença, o número de mortos não é o número de pessoas que morreram devido à doença.
Nunca se induziu tanta gente em erro, em tão pouco tempo. Nunca se assistiu a tanta destruição de saúde mental e da economia por tanta manipulação da informação e tantas inverdades.