Ouço-os falar. Já não acredito. E como eu já não acreditam milhões de portugueses. Tantas mentiras. Temos todos sido vítimas de tantas mentiras. Mentiras que começaram com frases simples «são só 15 dias para achatar a curva» (afinal já lá vão mais de 2 anos). «Morreu o 1º doente de Covid em Portugal» (paciente com cancro do pulmão em fase terminal). «A máscara é uma falsa segurança» (todos obrigados, há quase 2 anos, a usar máscaras).

«Se cumprirem as regras de distanciamento social, desinfeção das mãos, utilização de máscara e arejamento dos espaços fechados não apanharão Covid. Aqueles que não cumprirem as regras serão os culpados de apanharem e do contágio da Covid aos outros» (A diretora geral de Saúde, que utilizou este mantra até à exaustão, foi uma das primeiras figuras publicas portuguesas culpada de apanhar Covid e espalhá-la pela população, segundo os seus próprios argumentos).

«A Covid não é uma gripe ou uma constipação». A esmagadora maioria daqueles que já tiveram Covid, se não fizesse teste não faria a menor ideia, só pelos sintomas, de qual o vírus que estaria em causa. Não há nada que distinga a Covid, na grande generalidade das situações, das outras meras constipações ou gripes. Que também elas podem complicar-se, em raras situações, com pneumonias, internamentos em enfermarias, em unidades de cuidados intensivos ou morte.

«Quando chegarmos a 70% da população vacinada, aliviamos as restrições». (Já vamos em mais de 90% de população vacinada: «Portugal o país com a maior taxa de vacinação do mundo», slogan que serviu para abrir muitos telejornais. E, não tarda muito, seremos o único país da Europa e, se calhar do mundo, a obrigar as nossas crianças e jovens, a estarem o dia inteiro, na escola, com um trapo à frente da boca e nariz).

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«As medidas são necessárias para evitar a saturação dos serviços de saúde pelos doentes com Covid». (Há mais de um mês que a UCI Covid da minha área de residência não tem um único doente internado. E em pleno janeiro deste ano, altura do maior pico da doença e assegurando a UCI Covid o internamento de doentes graves com Covid de dois distritos do Alentejo, não teve mais do que uma mão cheia de pacientes, enquanto a UCI não Covid, para doentes graves com outras patologias e só para o meu distrito de residência, rebentava pelas costuras).

«Os testes não têm falsos positivos nem falsos negativos». (Que o diga o nosso Presidente da República que primeiro testou positivo e posteriormente, no mesmo dia, testou negativo e que, afortunadamente, foi o «único» falso positivo do país e o único a ter direito a contra teste. Que o digam todos aqueles que nunca tiveram sintomas e testaram positivo e que não foram tão afortunados como o nosso presidente e tiveram que ficar em casa, isolados. E que o digam todos aqueles que, cheios de sintomas e num contexto epidemiológico de contágio, só testaram positivo ao fim de 4 ou 5 dias de realizarem testes diários. E isto porque não há falsos negativos nem falsos positivos, que fará se houvesse! Tanta mentira. Sempre tanta mentira na base da gestão desta pandemia)

«Se queres socializar, testar, testar, testar». (Face ao anteriormente exposto, para quê esta insistência absurda em testes, consumidores de enormes quantidades de recursos económicos e sem nenhuma utilidade prática, a não ser aumentar a covidofobia e a discriminação? Porque terão passado os cotonetes e os resultados em bocados de plástico, a valer mais para os que gerem a nossa saúde pública que o ser humano que está à nossa frente, saudável ou doente? Porquê toda esta perversão do exercício da medicina?)

«As vacinas não são obrigatórias». (Mas, se não te vacinares, não entras em restaurantes, hotéis, discotecas, bares, espetáculos. Não visitas os teus familiares nos hospitais ou lares e tens que ir para casa, isolado, quando contactares com alguém positivo enquanto os vacinados têm direito a fazer tudo isso, livremente. Não és obrigado… só coagido a levares uma vacina que foi insuficientemente estudada e cheia de efeitos secundários. Exemplo duma vacina não obrigatória é a da gripe, que quem quiser levar, leva e quem não quiser levar, não leva, sem qualquer represália sobre a sua decisão.)

«Hoje tivemos milhares de infetados com Covid e centenas de internados.» (Onde está o esclarecimento de que estes milhares e centenas não são mais que veredictos do cotonete? Que cerca de 1/3 dos “infetados” nunca estiveram sequer doentes e que cerca de 1/3 dos internados em enfermarias Covid tinham tudo menos Covid? Que nas enfermarias Covid eram também admitidos doentes cujo motivo de internamento era cirúrgico, ortopédico, psiquiátrico, oncológico, entre outros, que doença Covid nem sequer tinham, mas que o cotonete os mandou para lá? Tanta gente a pedir, ao longo destes dois anos, um esclarecimento sobre os números apresentados, diariamente, nos meios de comunicação social, com gala, pompa e circunstância e toda essa gente cruelmente ignorada. Pessoas de bem teriam o cuidado de esclarecer a população e de, assim, reduzir o pânico… mas o pânico era algo que devia ser propositadamente mantido)

Até quando continuarão a divertir-se às nossas custas? Até quando permitiremos nós, continuar a ser enganados desta maneira?

Quando as nossas atitudes fazem mais mal do que bem, temos obrigação de emendar a mão. Sobretudo se somos uma autoridade mundial ou nacional.

Somos um país de brandos costumes e por isso, temos sido usados e abusados.

Já fomos um povo de gente corajosa, que decidiu descobrir os mares e «dar novos mundos ao mundo»

Já fomos gente de heróis como o extraordinário Aristides de Sousa Mendes que, ao recusar-se a cumprir regras que considerou cruéis e absurdas, salvou milhares de seres humanos. Pagou cara a fatura, como pagam todos aqueles que, em regimes de pensamento único, ousam pensar diferente. Morreu desempregado, pobre e esquecido pelo poder político, mas de bem com a sua consciência, porque decidiu que regras absurdas e cruéis não eram para seguir.

Homenageio aqui todos os meus colegas, que honraram e continuam a honrar o juramento que todos fizemos ao aceitar praticar uma das, supostamente, mais humanas profissões do mundo.

Homenageio todos aqueles que não esqueceram que o principal lema dum médico é «Primum non nocere.»

Lamento que a nossa DGS, presidida por uma médica, tenha sido a responsável (e continue a ser) pela difusão de tanta mentira, tanto mal, tanta falsidade.

Usou como argumentos mensagens arcaicas, como aquelas que eram usadas há 2 mil anos, no tempo de Jesus Cristo, em que os leprosos eram os culpados pela sua doença como castigo por terem pecado ou por carregarem os pecados dos seus pais.

Sinceramente, nunca pensei que um argumento tão cruel, o da culpa, pegasse em pleno século XXI. Mas a verdade é que pegou. E com isto temos assistido ao espetáculo que se desenrola até aos dias de hoje, à frente dos nossos olhos, de ver famílias fraturadas, os seus membros uns contra os outros, amizades desfeitas, a sociedade perversa.

Porque quem semeia o mal, só pode colher o mal.

E é de mal muito grave que estamos a falar.

O que dizer daqueles cartazes hediondos que foram espalhados por todo o Portugal, com intenção única de exacerbar o medo nas pessoas, onde eram mostradas fotografias de pacientes em cuidados intensivos para qualquer transeunte ver? Mesmo que fossem crianças ou jovens? Cartazes esses erguidos por ordem da DGS que, como instituição máxima de proteção da saúde das populações, tinha como primeira obrigação, ao ser dirigida por uma médica, de defender o lema «primum non nocere?»

E os lemas que eram veiculados por esses cartazes? Outras completas mentiras.

Que o digam os milhões de portugueses que mascarados, distanciados socialmente, desinfetando mãos até à carne viva e fazendo correntes de ar gelado em pleno Inverno até à beira da pneumonia, não se livraram mesmo assim da funesta Covid 19.

Já para não falar dos vacinados que, com 2 ou 3 doses, apanharam a doença na mesma e que com esta ideia peregrina de vacinar pessoas para uma doença infeciosa respiratória, em pleno surto dessa doença, o que mais houve foram desgraçados que tiveram 2 em 1: Covid viral e covid vacinal em simultâneo que, como se diz em bom português, «já nem sabiam donde elas vinham».

E que dizer das UCI, normalmente unidades hospitalares de acesso altamente restrito, com apenas uma visita por paciente, de duração não superior a meia hora e com visitas interditas a menores de 12 anos, que permitiram a entrada repetida de equipas de televisão com difusão de imagens de seres humanos doentes que, com toda a certeza, não estavam em condições de dar o seu consentimento para serem filmados? Que dizer dessas unidades e das pessoas que as dirigiam e que deram permissão para algo completamente perverso e fora de todo e qualquer regulamento médico?

Estamos a falar de crueldade requintada e refinada. De conivência com o exercício de violência psicológica inédita sobre o nosso povo, daqueles que deviam ser os primeiros a defender a imagem e o sofrimento dos seus doentes.

Tanta mentira e tanta crueldade não ficaram, nem ficam, sem consequências.

Que o digam os batalhões de covidofóbicos que se criaram, pessoas que viviam a sua vida normalmente até ao ano de 2019 e que sofrem atualmente dum distúrbio mental grave, a covidofobia.

Esta sim, a verdadeira pandemia que veio para ficar. Sim, porque a Covid 19, causada pelo vírus Sars-Cov2, como a grande maioria dos portugueses já experienciou, por si próprio ou através dos que lhe são próximos, a Covid 19 tornou-se mais uma virose das muitas que afetam seres humanos, curando-se habitualmente no mesmo tempo que essas mesmas viroses, sem dar qualquer problema de maior.

Agora a covidofobia já não é assim. A covidofobia não é provocada por vírus. A covidofobia foi e é provocada pela violência psicológica repetida e persistente que seres humanos infligiram, de forma generalizada e propositada, a outros seres humanos. A covidofobia cola-se ao ser humano como uma segunda pele, mina-o e corrói-o por dentro, destruindo-o a si e àqueles que com ele de perto convivem, dura há já pelo menos dois anos, naqueles que dela enfermam, com grande probabilidade de se tornar crónica para toda a vida.

A covidofobia é cruel, como cruéis foram e continuam a ser todos aqueles que continuam a alimentar este monstro, ainda não percebi muito bem com que intenção.

A manutenção de regras covidofóbicas vai engrossar ainda mais o número de pessoas que padecem desta patologia. E posso garantir-vos, por experiência própria, que são inúmeras.

Ao longo destes dois anos fiz milhares de consultas presencias, sem acrílicos, sem distanciamentos sociais. Vi os meus pacientes como sempre, apenas obrigada, de forma muito contrariada, ao uso de máscara. Auscultei-os como sempre, medi-lhes a tensão arterial, palpei-lhes a barriga ou as suas articulações dolorosas, quando era caso disso. Consolei-os quando choravam. Vieram muitos que estavam doentes, vários com Covid. Nunca me importei nem nunca para mim isso foi sequer uma questão.

Quando mais ninguém os via, quando os centros de saúde fecharam e não tinham mais ninguém a quem recorrer porque todos lhes viravam as costas, muitos pacientes que nunca tinha visto recorreram à minha consulta.

Fui testemunha de níveis de sofrimento físico e psicológico a que nunca tinha assistido em vinte e tal anos de profissão.

Não sei quantos pacientes terá visto a nossa diretora Geral de Saúde ao longo destes mais de 2 anos.

Se viu muitos, na sua atividade de Saúde Publica, constatou, como eu, a tristeza que é uma criança que treme com medo de voltar para a escola e que tem que ir no canto da carrinha escolar, isolada, com máscara e viseira e álcool gel para desinfetar as mãos.

A tristeza que é um adolescente que, isolado em casa por imposição da DGS, não contactando com nenhum colega, começa com insónias e crises de ansiedade, que faz tentativas de suicídio por solidão e em que as tentativas se transformaram em ato consumado.

A tristeza que é um idoso que se suicida porque encerraram o centro de dia, onde se encontrava com os amigos, e não o deixam visitar a sua mulher no lar.

A tristeza que é um pai que coloca um filho num quarto isolado em casa (segundo as recomendações da DGS que a nossa diretora dirige), colocando-lhe a comida num tabuleiro no chão, à porta e que, quando finalmente, ao fim de vários dias, o filho pode sair do quarto, o filho chora descontroladamente.

Ele pode não saber porquê, mas eu sei. Porque ele pensava que o Amor era a maior força do mundo e que os seus pais o amavam incondicionalmente. Mas descobriu que afinal a maior força do mundo é o Medo. E que por causa do medo viu-se, não amado, mas só e abandonado à sua sorte.

Se por acaso a nossa diretora geral de saúde durante todo este tempo, não viu pacientes, deveria então ter ouvido aqueles que o fizeram.

Porque as pessoas não são números, nem são cotonetes e um bocado de plástico que dá um resultado e lhes dita o veredicto.

As pessoas são seres humanos, têm emoções e reagem ao que lhes é feito. E tem-lhes sido feito muito mal.

A indiferença a que é votado alguém que se encontra no seu habitual estado de saúde, e que apela para que o deixem viver a sua vida, mas a quem o seu valor como ser humano é reduzido a nada, perante o veredicto de «culpado» dado pelo cotonete, é uma indiferença cruel.

A indiferença a que é votado alguém que, como último recurso para que valorizem o seu sofrimento e o seu desespero, entra em greve de fome e a quem a greve de fome de nada vale, é uma indiferença cruel e desesperante.

Foi retirada a dignidade aos seres humanos ao torná-los equivalentes a objetos. Sem vontade própria, sem comando sobre a sua própria vida.

Os nossos idosos em lares, não são hoje mais que simples autómatos, bem como os pacientes internados em hospitais. Sem poderem fazer valer o seu direito a serem normalmente visitados, ficando à mercê de quem decide sobre a sua vida e novamente à mercê de veredictos, pouco fiáveis, de cotonetes.

Como é possível sermos neste momento praticamente o único país da Europa a continuar a torturar a sua população com o uso obrigatório de máscaras? Como é possível que instituições que prestam cuidados médicos ou de internamento, continuem a funcionar de forma completamente covidofóbica, numa disrupção completa do seu funcionamento, prejudicando todos, sem apelo nem agravo, mais uma vez cruelmente indiferentes a todo o sofrimento que estas regras covidofóbicas provocam?

Mas, a minha maior revolta é com o que se tem feito às crianças.

Como é possível que a nossa DGS ache que ainda não chega todo o mal que já se lhes fez? Onde está o tão famoso e aclamado amor do povo português pelas suas crianças?

Será que a Covidofobia dos que nos dirigem e governam foi tão longe que já não se compadecem com a potencial ou já efetiva doença psicológica que estão a criar nos seus filhos e netos?

Nós, os adultos temos recordações da nossa infância, livres. Sabemos o que é andar na escola sem máscaras e sem medo das doenças infeciosas (ou outras), pensando apenas em aprender e brincar.

Então e estas crianças? Estas crianças que entraram para a escola em plena pandemia, que começaram a criar agora as suas memórias e que não têm nenhumas outras em que se refugiar? O que vai ser de muitas delas? A maioria já teve covid 19 (reportado ou não reportado), já curou a doença, mas continua a ser obrigada a usar máscara. Como é que uma doença que lhes causou pouco ou nenhum mal, é utilizada como argumento para se lhes fazer o que se está a fazer? Como é que a Covidofobia de quem nos governa e dirige é tão grave que não permite que se compadeçam, pelo menos, com as nossas crianças e jovens?

Como me dizia um jovem um dia destes: «cortam-nos as pernas e passam-nos rasteiras, a nós que estamos a começar a corrida. Obrigam-nos a perder para que os que a estão a terminar vençam. Mas eles já correram a corrida deles e a nós não nos deixam correr a nossa.»

O Estado Português foi exímio na disseminação do terror, na disseminação do medo e na prática repetida de violência psicológica sobre a população. É por isso que, no nosso país, ao contrário dos outros países por essa Europa fora, quando vamos na rua, cerca de 50% da população continua a usar máscara, embora este seja o único lugar publico onde o seu uso deixou de ser obrigatório desde 12 de setembro de 2021.

O Estado Português foi exímio em calar todas as vozes que pusessem em causa tudo o que estava a ser feito. Não houve debate, não houve fundamento científico, sobretudo não houve verdade. O medo e a imposição do medo ditaram as regras.

Está na altura de acabar com este estereotipo da doença Covid 19 em que, ridiculamente, «Se estás a morrer, mas não é covid, está tudo bem! Mas, se estás ótimo e é Covid, é o Deus me livre.»

É altura de ver a realidade que está à nossa frente e encarar a doença por aquilo que ela é: uma infeção respiratória que se tornou comum.

É altura de encarar o SarsCov2 como aquilo que ele é: mais um coronavírus que já entrou em equilíbrio com a população humana e que causa infeções respiratórias, na sua grande maioria ligeiras, tal como os outros vírus respiratórios.

É altura de voltarmos às nossas vidas e que instituições como a Direção Geral de Saúde que foram criadas para nos proteger, o façam e assumam o seu compromisso para com a população, parando com esta indiferença cruel perante todo o desespero e sofrimento humano que, hipocritamente, continuam a ignorar.

Porque se a existência destas instituições contribuir para que, em alturas de crise como esta, aumente ainda mais o sofrimento dos cidadãos que a crise só por si já traria, então a existência destas instituições deixa de fazer qualquer sentido.

É obrigação de todos nós, e mais ainda de qualquer autoridade de saúde de, numa situação de crise, de aflição, não difundir o pânico. Esta fundamental regra de bom senso e do bom funcionamento das sociedades humanas foi violada em toda a sua dimensão.

É obrigação de todos nós e de qualquer autoridade de saúde, de numa situação de aflição devolver aos seres humanos a esperança. É perverso e mentalmente doentio passar a vida a impedir as pessoas de serem livres e felizes, aterrorizando-as com possíveis novas vagas duma doença que provavelmente continuará entre nós como a gripe.

Se contássemos as vagas de gripe desde que ela existe, já nos teriam obrigado a deixar de viver livres há muito, pois já devemos ir na milionésima.