A família1 humana2 compartilha algumas ideias3 muito poderosas, conhecidas como senso comum. A importância do senso comum não está só na força da sua intrínseca auto-evidência e no seu poder persuasivo4, mas também na sua capacidade de nos irmanar a todos, a Alentejanos, Árabes, Chineses & Zimbabueanos, pois são ideias comuns a pessoas de todos os lugares e épocas independentemente de cultura, gordura, raça, religião ou sexo. É uma espécie de comunismo intelectual básico que impacta as nossas atitudes e ações diárias.

Vejamos um exemplo: imagine o leitor que o sr. G oferece ao sr. C a quantia de €1000 para que não compareça ao trabalho5 por um dia, e por um só dia, durante a próxima semana, perdendo a remuneração de um dia de trabalho proveniente do seu emprego. Quantos assalariados no Alentejo aceitariam esta proposta? 8%? Ou 80%?6 E como reagiria o leitor se esta proposta lhe fosse dirigida a si? Aceitaria? Agora, o mais importante: e que ilações tira, pessoalmente, deste exercício mental?

Outro caso: suponha que que o sr. G. coage ao sr. C a que lhe pague €1000 por cada dia que vá trabalhar. Qual seria a sua reação se fosse confrontado com esta intimidação? E qual seria a percentagem de assalariados neste mundo que, confrontados com esta injustiça7, seja na Arábia ou na China, não optariam por deixar de trabalhar enquanto ela fosse real e efetiva? E que conclusões tira o excelentíssimo leitor da resposta que se deu?

A quantia envolvida em cada um dos casos acima propostos não tem de ser sempre €1000 para que a maioria das pessoas deem respostas semelhantes. Para qualquer pessoa razoável8 a resposta será idêntica9 para um vasto espectro de montantes: haverá certamente muitos Alentejanos que teriam exatamente a mesma reação se lhe oferecessem €5000 ou €50 para não ir trabalhar um dia, enquanto aqueles que, como o sr. eng. Costa, já recebem muito para além de €1000 diários provavelmente só começariam a considerar seriamente a possibilidade de não picarem o ponto se a oferta subisse para cima de €4000 ou €5000/dia. De reparar ainda que o sr. C (não confundir com o sr. eng. Costa) não tem de ser assalariado: muitos profissionais a recibos verdes, e outros empresários, também optariam por não trabalhar um dia em troca de um montante que os compense suficientemente por não fazerem nenhum. Até grandes empresas parecem estar sujeitas a este princípio. Finalmente, é de frisar que a identidade do sr. G não é muito relevante para a decisão: a maioria dos cidadãos responderia da mesma forma quer o sr. G fosse um bad actor, como o governo ou outro tipo de gângster, ou um good fellow, uma associação filantrópica, um papá ou um amigo generoso.

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O que nos mostram estes dois exercícios? Tornam claro para quem tem algum senso comum, primeiro, que há um montante, ou “subsidio”, em troca do qual a maioria das pessoas está disposta a não trabalhar, montante que para muitas delas, neste Alentejo, até nem é assim tão elevado. Demonstram depois que se uma “contribuição”, ou “imposto”, for requerida para que um cidadão possa trabalhar, haverá um montante acima do qual a maioria deles prefere não exercer qualquer atividade produtiva.

Levando estes dois princípios às suas últimas consequências pode-se chegar à seguinte conclusão, conhecida comumente desde a alta antiguidade, por Aztecas, Babilónios, Chineses, Gregos ou Papuanos: a redistribuição não voluntária do rendimento10 resulta na diminuição do rendimento agregado de uma sociedade, diminuição que será tão mais acentuada:

  1. quanto maior for o incentivo ao não-trabalho através de vários tipos de subsídios cuja tipologia não valerá a pena aqui discriminar, e
  2. quanto maior for o desincentivo ao trabalho, seja por conta própria, ou por conta de outrem, através de impostos, taxas, taxinhas e outras contribuições não voluntárias.

Mais concisamente: a redistribuição do rendimento pode diminuir as desigualdades11, mas certamente que diminui a riqueza de uma nação. E por favor, não comparem a Dinamarca com a Roménia ou outra jurisdição: comparem a Dinamarca antes com a Dinamarca depois de uma mudança de incentivos ao desemprego (seja através de impostos ou de subsídios). E mais intuitivamente: considerem o impacto que a eliminação do irs & irc teria na carreira de amigos & conhecidos, e deduzam o impacto que tal teria, marginalmente, para o produto nacional. E ponderem depois: o orçamento do atual governo vai contribuir para a nossa riqueza ou para a nossa pobreza?

O senso comum, a forma mais básica de comunismo não disfuncional, é património da Humanidade. Mais: é um dos principais elementos desse património. Infelizmente, pode-se desaprender. Não é fácil, mas com o sistema de educação apropriado chega-se lá… Quer confirmar? Fale com um militante do ps/d.

Us avtores não segvew as regras da graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein as du antygu. Escreuew covmv qverew & lhes apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. Família: célula básica do organismo social; na sua forma atual é conjunto destruturado de dois ou mais indivíduos que inclua um gato ou um cão; na sua forma tradicional era uma organização focada na reprodução humana, estruturada para a exploração do homem pela mulher e dos pais pelos filhos e constituída por uma mulher, um homem, várias crias, alguns piolhos, criadagem e motorista (o cão ou gato eram facultativos).
  2. Humano: membro da raça humana, cuja humanidade frequentemente não chega à de um animal. Não confundir com humanitarista12.
  3. Ideia: produto da atividade química que ocorre no cérebro & que está dependente da atividade química que é processada no estomago; de onde se deduz que a pureza ideológica do warxismo requereria uma dieta única para todos os militantes, uma ideia fundamental de que nem Warx, Engels ou Lenine estavam cônscios; o que define um idiota13.
  4. Persuasão: hipnotismo14 auditivo; método de hipnotizar ceguinhos.
  5. Trabalho: aquilo para que o Homem (adam) foi criado (Gn 2, 15); serviço que uma pessoa presta a si própria e aos outros seres humanos; atividade de quem é responsável por si próprio e pelo seu destino; “uma das características que distinguem o homem do resto das criaturas, cuja actividade, relacionada com a manutenção da própria vida, não se pode chamar trabalho” (Laborem Exercens); correr atrás do vento (Ec. 2, 17); processo através do qual um laborioso adquire propriedade para um preguiçoso no capitalismo (Ec. 2, 21); processo através do qual um forçado adquire um viver luxuoso para um nomenclado no socialismo (Ec. 2, 21); pura dor e tristeza (Ec. 2, 23); Warx pensava que só o trabalho cria valor o que levou Keynes a sugerir que para aumentar o rendimento nacional, e assim fazer a economia sair de uma recessão, bastava o estado por equipas de trabalhadores a fazerem buracos nas estradas ao mesmo tempo que punha outras a tapá-los; esta ideia keynesiana de que o trabalho inútil a dobrar é duas vezes melhor do que o simples trabalho inútil tem levado a uma constante expansão da função púbica em Portugal durante as últimas décadas.
  6. Como diz o ditado, nem 8 nem 80, provavelmente 90%.
  7. Injustiça: fardo sem peso quando u pomos nas costas dos outros, mas esmagador quando o temos que carregar aos nossos ombros.
  8. Razoável (pessoa): pessoa suscetível à nossa persuasão e dissuasão.
  9. Idêntico: tão mau como o restante.
  10. Os princípios que regem a redistribuição voluntária do rendimento & as suas consequências são completamente diferentes dos que resultam da redistribuição forçada. Para um exemplo de tributação e, consequentemente, redistribuição voluntária ver umA reforma tributária necessária: por mais solidariedade e equidade.
  11. Igualdade: princípio que requer rotatividade quer na presidência quer na penitenciária; situação em que o Ronaldo não poderá marcar mais golos que o Silva do Sporting Club de Corroios; condição imaginária de uma sociedade woke, que muitos esperam vigore num futuro próximo, em que em vez de cérebros o que contará são crânios, o mérito será determinado pela amizade e as multas & outros castigos serão sorteados.
  12. Humanitarista: pessoa que acredita não só que o nosso salvador é humano, mas também que ela é divina, não só na sua compaixão pelos outros, mas também em tudo o resto.
  13. Idiota: membro de uma numerosa & poderosa família cuja influência foi frequentemente determinante no desenvolvimento intelectual da humanidade, e cuja intervenção no destino político dos povos sempre foi essencial para chegarmos ao estado em que hoje estamos; a atividade do idiota não está confinada a nenhum campo especial de pensamento ou ação, mas permeia e regula tudo; não confundir com palerma15.
  14. Hipnotismo: persuasão visual, baseada na força irresistível do vazio e/ou do abismo, usado num vasto naipe de artes modernas como vídeo jogos, filmes pornográficos e política fiscal; discurso político contemporâneo, usado quer por Trump, quer por Harris (disclaimer: nenhum dos avtores deste artigo jamais votou em Donald Trump).
  15. Palerma: pessoa insensível ao valor dos nossos conselhos.