O que é o liberalismo? É o sistema político que defende que, sendo as pessoas responsáveis pelos seus atos e omissões, pensamentos e palavras, podem, e devem, fazer o que lhes parece bem. O que quer dizer ‘responsável’? Significa aceitar e sofrer as consequências e auferir os benefícios da sua conduta.

E o que é o socialismo? É o contrário do liberalismo: é o sistema segundo o qual as pessoas não são responsáveis pelos seus atos e omissões e, também, devem ser protegidas das consequências destas. Protegidas como? De três modos: protegidas de fazerem o que querem, protegidas das consequências de fazerem o que querem, e protegidas das consequências de não fazerem o que querem. Curiosamente, no socialismo as pessoas podem ser, e são, responsabilizadas pelos atos e omissões dos outros.

Assim, numa sociedade liberal, quem goste de comida bem salgada é livre de abusar do sal1. É possível que familiares e amigos, e outras entidades públicas ou privadas, na sua filantropia2, lhe deem informação & conselhos sobre os riscos que o consumo em excesso de sal tem para a saúde, mas ninguém lhe vai tirar o saleiro da mão3.

Caso insista em salgar bem a sua comida, pode acontecer que venha a sofrer de hipertensão. Embora não tenha posto sal para ficar hipertenso, esta é uma patologia que pode surgir naturalmente a quem livremente escolhe ingerir muito sal4. Para evitar as consequências deletérias da hipertensão, o amante do sal tem duas soluções: ou modera o seu consumo, ou paga o seu tratamento. Ou desenvolve o autocontrolo, ou paga o preço da sua imoderação.

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Numa sociedade liberal, aquela em que as pessoas são responsáveis pelo seu próprio comportamento, não passará pela cabeça de ninguém exigir que os outros, seja a sociedade, seja o estado, assumam e paguem pelas consequências, desejadas ou não, da sua gulodice. Muito menos passará pela cabeça de alguém exigir privilégios, seja rendimentos sociais de reinserção para os hipertensos, atendimento preferencial nas repartições públicas para obesos ou outros privilégios especiais para ambos. Neste tipo de ordenamento político, a lei é igual para todos, e nele não cabem descriminações positivas ou negativas para nenhuma categoria de humanos, nem sequer para os gulosos.

E no socialismo? No socialismo o estado procura proteger as pessoas de ingerir sal. Como? Através de publicidade, quer a paga, quer a não paga pelo orçamento do estado, a alertar para os efeitos maléficos do consumo do sal, incluindo a obrigatoriedade de os pacotes de sal exibirem imagens chocantes ilustrando esses efeitos em 65% da sua superfície. Mas também cria impostos especiais sobre o consumo desta droga para desincentivar as pessoas de tocarem no saleiro. E, em fases mais avançadas no caminho para o socialismo, através do racionamento do sal e da proibição da sua venda (exceto para os funcionários do partido).

Procura, também, proteger aqueles que, apesar de tudo, ingerem sal em excesso, das consequências não pretendidas desse consumo imoderado. Como? Através do SNS, sistema que cobre, a taxas moderadoras muito moderadas, todo o tipo de tratamentos necessários para minorar e tratar todas as patologias associadas a este mau costume culinário.

No entanto, num estado socialista, as pessoas não são só protegidas das consequências deletérias das suas opções. Quem, pela irresponsabilidade das suas escolhas, as sofre, aufere de vantagens especiais sobre os outros cidadãos. Como por exemplo? Sendo permitido, e incentivando, que os hipertensos5, possam saltar à frente dos outros cidadãos no processo de vacinação em curso contra o Covid-19.

E, neste caso, como é que no socialismo as pessoas são responsabilizadas pelas ações das outras? Pagando tudo isto, através dos seus impostos. (NB: noutras experiências com o socialismo real, em Cuba e na China, na Rússia e Roménia, o pagamento pelas ações dos outros era—e é—feito, não poucas vezes, com a própria vida—seja através de trabalhos forçados, seja através da execução)

Se o socialismo apenas desresponsabilizasse o abuso do sal, a coisa ainda ia que não ia. Mas o socialismo desresponsabiliza todos de tudo. Desresponsabiliza os preguiçosos da sua preguiça, pagando-lhes por não fazerem nada, e desresponsabiliza os trabalhadores conscienciosos do seu esforço, tributando-lhes o fruto do seu trabalho. De igual modo desresponsabiliza os violentos e os pacíficos, os honestos e os desonestos, debochados e os castos, os verazes e os mentirosos, os que dizem ao motorista para conduzir com prudência e os que lhe dizem que se despache…

Em última análise, a escolha entre liberalismo e socialismo depende da visão que se tenha do Homem, de que tipo de bicho seja. É um ser racional & responsável? Então um ordenamento liberal será o apropriado. É um ser não racional &, portanto, irresponsável? Então o socialismo é necessário.

Portanto a pergunta essencial, na escolha de regime político, é: será que existe alguma diferença entre homens e bestas?

Us avtores não segvem a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreuem coumu qveren & lhes apetece. #EncuantoNusDeixam

[1] Sal: discípulo de Cristo (Mt 5, 13), de onde se pode deduzir que a tributação adicional deste produto dietético não seja mais que uma medida jacobina de perseguição à Igreja, e se poderá argumentar que é inconstitucional (cf. CRP, art.º 13º, n. 2 e art.º 41º); elemento tão essencial à vida biológica como a água; elemento tão essencial à vida social como a paz6 (cf. Mc 9, 50); aquilo que falta ao eng. Costa; o poder purificador e revigorante do sal era reconhecido pelos antigos que, depois de cortarem o cordão umbilical ao recém nascido, o lavavam em água e esfregavam com sal, como testemunha Ezequiel 16,4; produto usado por vários povos antigos, incluindo os romanos, para pagar o trabalho, de onde se pode inferir que a proposta de tributação especial para o sal cai no vício da dupla tributação, e se poderá inferir que o Estado consome sal a mais. Não será este mais um sinal de hipertensão estatal?

[2] Filantropia: filosofia de vida em que as pessoas deixam que a compaixão lhes vá à carteira; socialismo unipessoal; difere radicalmente do socialismo warxista, na medida que o agente, a motivação, o beneficiário e a voluntariedade são totalmente diferentes: na filantropia o agente é a compaixão, não a autoridade tributária, a motivação é o amor ao próximo, ao bom, belo e verdadeiro, não o medo à coima ou à prisão, o beneficiário é um nosso próximo que está de algum modo carenciado, não um rato alimentado do erário público (políticos, empresários-conectados, funcionários, tapes, e novos bancus), e a vontade é pessoal & livre, não externa & imposta.

[3] A não ser, talvez, a mãe ou a mulher. O que torna urgente a luta contra o matriarcado europeu branco que continua a dominar a vida e a restringir a liberdade a um vasto número de cidadãos na nossa repÚblica.

[4] Mas nem sempre: uma metade dos autores desta peça é hipotensa apesar de abusar no consumo de sal.

[5] Nos quais se incluem, a outra metade dos autores deste artigo.

[6] Paz: período de equívocos e enganos entre dois de pancada; um dos sete horrores sociais segundo warxismo dialético, sendo os outros a prosperidade, o matrimónio, os bebés, a felicidade, a harmonia e a alegria.