O terceiro atentado terrorista em Inglaterra desde Março produziu os lugares comuns do costume. A condenação dos jihadistas foi morna e estereotipada. Toda a oficialidade pediu mais medidas de segurança. O Ocidente inteiro chorou as vítimas. Mas como sempre ninguém tentou explicar politicamente o que sucedera. Porquê? Porque ninguém se atreve a revelar as verdadeiras causas desta violência contra sociedades à superfície pacíficas. As causas são claras. Em primeiro lugar, a América estabeleceu uma base na “terra santa” da Arábia e a seguir começou duas guerras em países muçulmanos: no Iraque e no Afeganistão. Esta criminosa estupidez está em grande parte na origem da violência que veio depois. Bush, Blair e os governos que na Europa lhes deram apoio militar e diplomático não conheciam nem se interessavam pelas condições no terreno ou pela natureza do seu inimigo, historicamente dividido em dois ramos inconciliáveis e em dezenas de seitas e organizações.
O islão é um mundo em crise, um mundo imerso numa guerra religiosa, que se confunde, como invariavelmente sucede, com a luta pela hegemonia de um bilião de muçulmanos. Qualquer intervenção de fora implica duas consequências. Por um lado, favorece uma facção ou facções dos beligerantes. Por outro, leva a América e as potências da Europa a conduzir elas mesmas uma guerra por interposta pessoa. A Síria é um bom exemplo. Não admira por isso que o ódio gerado no islão transborde para Nova York, Paris, Marselha, Manchester ou Londres, que os jihadistas compreensivelmente consideram parte do seu campo de acção.
A única maneira de acabar com ataques terroristas ao Ocidente seria que o Ocidente se retirasse por completo do islão, o que implicaria o fim da mais leve presença militar, económica ou política e mesmo de alianças formais com qualquer Estado muçulmano. Para nossa má sorte, os interesses que se opõem a uma medida tão drástica nunca o permitiram. Pelo contrário, basta olhar à volta para perceber até que ponto o dinheiro do islão ou, pelo menos, de uma fracção dele penetrou nas sociedades em que vivemos.
Para as nações da Europa que têm comunidades islâmicas, o problema é mais complicado. Os tempos do consumo e da boa cidadania passaram com a paragem ou quase paragem do crescimento, com o desemprego (principalmente dos jovens) e com a criação de guetos em bairros suburbanos ou simplesmente com a falta de habitação e o seu desmedido preço, como é o caso da Inglaterra. Perante a pobreza e a perspectiva de uma existência sem destino nada mais natural que, por mais assimilados que tencionassem ser, os muçulmanos ou os filhos de muçulmanos dirijam a sua raiva contra uma civilização que os seus preceitos religiosos radicalmente condenam – coisa que uma certa “tolerância” de Hampstead, de Saint Germain ou da Lapa, jamais percebeu. A maioria pacífica acabou por se tornar numa pequena minoria europeizada e próspera; o resto oscila.
Por essa razão, a análise académica do tipo e da metodologia dos atentados não ajuda muito. Por mais fina que seja a rede de segurança alguém escapará. O mal deve ser cortado pela raiz: retirar, nem que seja por fases, toda a interferência no islão (militar, económica e política); rejeitar o multiculturalismo tão querido à “inteligência” da esquerda; diminuir drasticamente a imigração; e por muito que doa à sra. Merkel, não aceitar nem mais um único refugiado.