O caso da família Mesquita Guimarães continua na ordem do dia.

Depois de entrevistar a família, durante cerca de três horas, para depois cortar, selecionar e montar uma peça “jornalíxtica” absolutamente parcial, com o único propósito de apresentar aos portugueses uma família heteropatriarcal, machista, opressora, com muitos filhos (um escândalo nestes dias do filho único), empenhada na educação dos filhos (quando grande parte dos pais entregou a educação dos seus filhos a terceiros) e religiosamente condicionada, eis que a SIC voltou à carga (não sei se o facto do seu director de programas ser irmão do Primeiro Ministro terá alguma influência, mas não quero ser má-língua…), na SIC Notícias, no “Malditas segundas-feiras”.

Com a mesa sinistramente inclinada (no futebol, seria o campo inclinado), contra a família de Famalicão e a favor da nacionalização dos filhos dos portugueses, alinharam os comentadores: Manuel Moreira, militante das causas lgbtetc., e Maria João Marques, também ela defensora de uma Escola que fale de masturbação com crianças de 5 anos. A favor da moral, dos bons costumes, da Constituição da República Portuguesa e, consequentemente, da família Mesquita Guimarães, alinhou Aline Gallasch-Hall.

Manuel Moreira abriu as hostilidades exigindo que aqueles pais “fanáticos religiosos” fossem “postos na linha” e que os seus filhos fossem obrigados a fazer o que o Estado muito bem entender, pois, segundo disse (creio que referindo-se aos conteúdos a leccionar na Escola estatal): «é uma luta política, os programas fazem-se na luta política» (minuto 16:11). Ora, isto é uma violação clara da Constituição, que no seu artº 43º diz: «O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas.» E, para que não tenhamos a leviandade de pensar que temos a mínima capacidade de educar os nossos filhos para serem cidadãos exemplares, afirmou que a Escola de hoje é o modelo, pois, antigamente (antes de haver a disciplina de Cidadania, presumo eu), todos nós éramos obrigados a decorar a matéria de História, por exemplo, só para esquecermos tudo o que tínhamos decorado, chegar aos testes e não nos lembrarmos de nada… Ou seja: parafraseando Manuel Moreira, ninguém era bom cidadão, nem se licenciou com mérito, antes de haver a escola socialista pró-elgebetista e a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento obrigatória.

Para o Manuel, é impensável que alguém saia da escola primária sem conhecer o kamasutra lgbtetc. e sem saber que nascemos folhas em branco – uma espécie de seres humanos não-identificados – e que, por isso, um homem pode ser uma mulher, uma mulher pode ser um homem e até podemos não ser nem um nem outro, quando quisermos, e que a Escola existe para nos ensinar a construir-nos com tantos géneros [formas de fazer sexo] quantos a cultura lgbtetc. invente?

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A Aline foi a segunda a entrar em campo (ou será em mesa?). Depois de dizer que discordava profundamente de Manuel Moreira, que estava ao lado da família de Famalicão e que esta, sim, exercia a verdadeira cidadania ao exigir os seus direitos, consagrados na CRP, e de citar vários artigos que dão razão à família, passou a desmistificar as mentiras propagadas por pessoas cheias de títulos quanto aos objectivos da Educação para a Cidadania. Munida de factos concretos, denunciou, por exemplo, o conteúdo do Referencial de Educação para a Saúde, na pág. 73:

«Nos vários ambientes que a escola proporciona os alunos experimentam a sua sexualidade, quer seja nas suas brincadeiras, no estudo e nos namoros, mas também na relação com os docentes e trabalhadores da escola. Ela [a sexualidade] está presente nas conversas, nos jogos, nas quezílias, mas também nos conhecimentos científicos.

A educação para a sexualidade para ter os resultados desejáveis terá de dirigir-se à escola como um todo, penetrar em todos os seus ambientes, envolver todos os seus membros, aproveitar todos os momentos para, através de acontecimentos emocionais estruturados, construir modelos que promovam os valores e os direitos sexuais, […]»

À medida que a Aline Galasch-Hall denunciava estes objectivos e outros abusos, como por exemplo falar de masturbação com crianças de 5 anos – Manuel Moreira e  Maria João Marques tentavam interrompê-la e insinuavam que nada do que ela denunciava era de facto como ela dizia.

Chegou a vez da Maria João Marques, que entrou a pés juntos, passo a expressão. Depois de chamar “mentiroso” ao filho do Artur Mesquita Guimarães, por este ter dito na entrevista que em casa não havia temas tabu, puxou dos galões de mãe para defender que as crianças devem retirar as dúvidas sobre a sua sexualidade na escola, pois o seu filho não se sente à vontade para falar de sexo com ela e, como tal, todos os demais são como o filho dela. Acusou ainda a Aline Galasch-Hall de «poder ter retirado os objectivos dos guiões do contexto de maneiras perfeitamente tontas» (o que não foi feito), e defendeu que falar de masturbação com crianças de 5 anos é «a coisa mais natural como qualquer pessoa que tenha filhos e contacte com crianças sabe».

Ora, eu, como avó (da Póvoa de Varzim), nunca quis que os docentes e trabalhadores da escola falassem de masturbação com os meus filhos nem os levassem a partilhar a sua sexualidade – a sua privacidade – em público, e não quero que venham a fazê-lo com as minhas netas.

Mais uma vez, Manuel Moreira, que não tem filhos, reiterou: «Os pais não são donos dos filhos!»

Pergunto: «E o Estado, é?»

Sabendo que não existe nada de novo debaixo do sol, quando ouço falar das boas intenções do papá Estado com a obrigatoriedade de uma disciplina quase que totalmente ideológica “viajo” imediatamente para a ex-União Soviética e para o livro de Alexandra Kollontai “O Comunismo e a Família”. Macacos me mordam, se não é isto que está a ser feito debaixo do nosso nariz:

O homem novo, da nossa nova sociedade, será moldado pelas organizações socialistas, creches, infantários, escolas, residências universitárias e muitas outras instituições deste tipo, nas quais a criança passará a maior parte do dia e onde educadores inteligentes a converterão num comunista consciente da magnitude desta divisa inviolável: solidariedade, camaradagem, ajuda mútua e devoção à vida colectiva. [Aleksandra Kollontay, feminista soviética e comunista. Livro: O Comunismo e a Família, 1921] Desde agora, a mãe operária que tenha plena consciência da sua função social, elevar-se-á ao extremo que chegará a não estabelecer diferenças [como] “os teus e os meus”; terá que recordar sempre que de agora em diante não haverá mais “nossos” filhos, mas sim os [filhos] do Estado Comunista, um bem comum a todos os trabalhadores. [https://www.marxists.org/portugues/kollontai/1920/mes/com_fam.htm].

Arrepiante, não é?

Se substituirmos “comunismo” por “socialismo”… BEM-VINDO ao século XXI e à Escola Estatal portuguesa, tal como a temos hoje.

Assim, bem-vindo à utopia comunista, que exigia a destruição da família e a sua substituição pelo Estado totalitário e pelo partido.

Os seus filhos ainda são seus, ou já os entregou ao verdadeiro dono e senhor deles?

Sabe o que é que Kollontai escreveu sobre os filhos e a escola num “paraíso” comunista?

Ainda teremos de lidar com o problema dos filhos. Porém, no que se refere a essa questão, o Estado dos trabalhadores lançar-se-á em auxílio da família, SUBSTITUINDO-A, gradualmente: a sociedade tomará conta de todas aquelas obrigações que antes recaíam sobre os pais. [Kollontai, 2013, pág. 34]

Entenda: a única coisa de que os pais de Famalicão podem ser acusados é de não quererem ser substituídos pelo Estado no seu papel insubstituível, consagrado no Artº 68º da Constituição da República Portuguesa.

Útil para o Estado, Kollontai só sobreviveu à ordem de Estaline – para executar toda a liderança – porque se calou quando o governo estalinista retrocedeu nas políticas de “libertação da mulher”.

Infelizmente, o comunismo travestiu-se e as ideias de Kollontai foram desenterradas. Recentemente, neste “paraíso” socialista, com a proposta que integrará o ensino a partir dos três anos de idade na escolaridade obrigatória alargando-a para 15 anos, o governo ameaçou dar mais um passo de gigante na estratégia de retirar da educação da alçada familiar. Este processo de estatização da educação – um claro ataque aos direitos dos pais e à Constituição – corresponde a um processo de formatação social que tende a uniformizar e impor uma única visão legítima do mundo, a visão socialista/elgebetista. E, como sempre acontece, esse processo apresenta-se camuflado sob um truque linguístico que apela a um fim desejável (o combate à pobreza) para introduzir uma lógica oculta, subversiva e anti-democrática.

Nada disto é novo. Em 1930, Wilhelm Reich, revolucionário sexual alemão, indignou-se quando a Rússia deixou de servir de modelo à verdadeira utopia e lamentou a “reacção sexual” russa ao abandonar todas as medidas revolucionárias propostas no livro O Comunismo e a Família, que hoje estão na agenda política dominante imposta à nossa sociedade:

  • O regresso das restrições à homossexualidade;
  • Dificuldade em abortar;
  • Refreamento da “liberdade sexual” e conselho à ABSTINÊNCIA;
  • Apoio à família natural, que supostamente era uma ameaça da burguesia ao comunismo;
  • Revogação da dissolução do casamento, que havia sido aprovada em 1918;
  • Fim da colectivização da educação;
  • Devolução da responsabilidade de educar os filhos aos pais;
  • Reversão do fim da autoridade dos professores.

Reich sabia que o reconhecimento da moral sexual e da família natural – como base e alicerce de uma sociedade saudável — poria um travão na revolução sexual e que a sexualização precoce das crianças – que causaria a destruição da família – não seria possível. Sobre isso, escreveu:

Não discutimos a existência ou não-existência de Deus – simplesmente eliminamos as repressões sexuais e dissolvemos os vínculos infantis com os pais. [Jones, Líbido Dominandi, 261]

Não é isto que está a acontecer hoje, no nosso país?

Na ex-União Soviética, depois da revolução, os homens revolucionários abandonaram as suas mulheres e ainda as acusaram de serem… reacionárias. Depois de algum tempo de libertinagem sexual, divórcio, aborto e abandono de crianças, o Comissário de Saúde Pública dirigiu estas palavras aos jovens:

O Estado ainda é muito pobre para assegurar a vossa manutenção e a educação das crianças. Por consequência, aqui fica o nosso conselho: ABSTINÊNCIA! [KateMillett, 1974, pág. 169]

A realidade e as consequências chegam sempre.

A revolução sexual foi implementada e imediatamente descartada, não por um cristão, mas sim pelo autoritário e genocida regime socialista. Os movimentos contra-cultura precisam do Estado para subverter a ordem familiar, mas… assim que o Estado obtém poder absoluto, os movimentos são silenciados e a ordem familiar restaurada.

Para os movimentos subversivos dos nossos dias, todos devem livrar-se da moral “repressiva” cristã e da família a fim de serem escravos dos próprios instintos e do comunismo/socialismo.

É isto que queremos para o nosso país?