Desde há muito tempo que o Estado Português serve para tudo. E não falamos só do pós-25 de Abril. As mais variadas apropriações materiais e imateriais têm tido lugar por parte dos mais variados atores, que usam há muitas décadas, as estruturas e ativos do estado a seu bel prazer, em benefício próprio. Ao fazê-lo, corrompem a função e desígnio dessas estruturas, e lesam, por vezes dolosamente, todos aqueles de nós que, com os impostos, pagamos aquela que já de si é uma máquina organicamente despesista e incontrolável.
A modalidade agora introduzida por algumas figuras públicas que ocupam lugares no estado é muito mais sofisticada. Utilizam os cargos que exercem como trampolins para irem mais alto. São uns trampolinistas que procuram, não naturalmente, uma projecção no ar, uma elasticidade plástica encantatória, um perfil sebastiânico desenhado nas nuvens.
Procuram o salto, à nossa custa, à custa da visibilidade que lhes é dada pelos cargos que exercem com o nosso dinheiro, pelas atividades em que investem os nossos impostos sem qualquer retorno para o estado e para os portugueses mas carregado de benefícios para os próprios.
A mim não me passaria pela cabeça, trabalhasse eu na Rua do Comércio ou na Praça do Comércio, usar tais trampolins para me candidatar… a esses voos. Para além de não ter perfil, teria vergonha e pudor em usar coisas que não são minhas a meu favor. Mas enfim, cada um mostra donde vem e ao que vai.
Quando em Janeiro de 2026 tivermos de votar para cargos públicos, espero que julguem bem os duplos mortais encarpados que andam a ser feitos à custa do nosso dinheiro.