Decorreu no último fim-de-semana a sétima Convenção Nacional da Iniciativa Liberal, a primeira onde a disputa pela liderança esteve em jogo, com três candidatos a ocupar o lugar deixado subitamente vago por João Cotrim de Figueiredo. Não pretendo neste texto avaliar aquilo que foi a Convenção, muitos já o fizeram, reparo apenas que o nervosismo fez com que alguns se esquecessem de que estavam a falar, não para um, mas para dois microfones, tal não foi o nível decibéis que foram atingidos. Mas vamos ao que realmente interessa, quais serão os desafios que o novo líder, Rui Rocha, terá que enfrentar:
Sair da sombra de João Cotrim de Figueiredo.
A forma e, sobretudo, a razão que levaram à saída de JCF ainda não foram entendidas pela maioria dos membros da IL. O aparecimento da candidatura de Rui Rocha no mesmo dia da saída de JCF e o seguido apoio do ex-líder à sua candidatura transmitiram para a opinião pública e para o partido a ideia de uma tentativa de passagem dinástica da liderança, que obviamente não foi bem recebida. Num partido que faz da meritocracia e da igualdade de oportunidades a sua bandeira, este modus operandi pareceu tudo menos justo para os outros candidatos. RR terá que fazer pela vida para se demarcar da imagem de “protegido” de JCF. Tendo o carismático ex-líder ao seu lado no parlamento, a tarefa não se avizinha nada fácil.
Unir o partido.
As lutas pelo poder nunca são passeios no parque, seja onde for, seria ingenuidade acreditar que na IL seria diferente, porém, com um resultado de 51%, que, apesar de significar maioria absoluta, não apaga a imagem de um partido dividido, esperemos que o escalar da linguagem usada por ambos os lados não venha a abrir feridas difíceis de sarar. RR deve perceber que para unir o partido deve estar preparado para ouvir, dialogar e, eventualmente, ceder em algumas questões. Neste particular, os pedidos de transparência que se fizeram ouvir na Convenção têm que começar a ser respondidos.
Atingir os objectivos.
Rui Rocha foi ambicioso, propôs-se durante a campanha melhorar os resultados de eleições anteriores, ou seja, conseguir um grupo parlamentar nos parlamentos regionais da Madeira e Açores e chegar aos 15% em eleições legislativas. Pelo meio há eleições europeias, onde 7% pode significar a eleição de dois eurodeputados. Sendo metade da fasquia a que se propôs, esse deve ser um objectivo realista.
A IL tem um papel fundamental no panorama político português. Num país estatizado, cada vez mais pobre, onde os serviços públicos estão cada vez mais degradados e a liberdade de escolha está apenas ao alcance de uma minoria privilegiada, o partido apresenta-se como a única força política capaz de apresentar uma alternativa ao socialismo vigente. De forma a ser útil ao país, a IL tem que conseguir influenciar e exercer o poder, esse é o maior desafio de Rui Rocha.
Não votei em Rui Rocha, acredito que Carla Castro teria melhores condições para levar a IL ao sucesso, no entanto, essa não foi a opinião da maioria dos membros. Naturalmente, desejo as maiores felicidades ao Rui, espero que atinja os objectivos a que se propôs, o seu sucesso será o sucesso do partido e a garantia de um país mais liberal. Da minha parte, serei mais um para ajudar. A IL poderá sempre contar comigo no futuro como já contou no passado.