No passado dia 12 de outubro de 2021, a SAD do FC Porto anunciou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) um resultado líquido positivo de 33,4 milhões de euros, supostamente o melhor resultado de sempre. No comunicado emitido pela SAD do FC Porto, o resultado líquido consolidado apresentado, em 2020/2021, foi positivo em 33.405m€.

Na apresentação oficial das referidas contas, acreditava a administração que o clube iria sair da alçada do fair-play Financeiro. Importa aqui recordas as palavras de Fernando Gomes, quando referiu que: «Ao fim destes quatro anos de fair-play financeiro, o FC Porto criou condições para sair. Cumpriu todas as regras determinadas pela UEFA e cumpriu tudo o que havia para ser cumprido para sair do fair-play financeiro.»

Face a estas notícias, descansavam os sócios (e eu incluído) com a situação financeira do clube, visto que a SAD do FC Porto deixava de estar obrigada a vender mais do que o que compra. Perspetivava-se, assim, um novo período na realidade do FC Porto, com um regresso à normalidade, à sustentabilidade financeira, à preservação do bom nome do clube e à retoma de um projeto desportivo ganhador a nível nacional e europeu.

Mas esta alforria do Fair Play Financeiro da UEFA não desobrigava a SAD do FC Porto à venda de algum ou alguns jogadores em Janeiro de 2022, face à necessidade de salvaguardar a respetiva liquidez.

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Em 3 de dezembro de 2021, a First Chamber of the UEFA Club Financial Control Body (CFCB First Chamber) anunciou que oito clubes, entre os quais o FC Porto, foram sancionados pelo incumprimento do requisito de “sem dívidas em atraso”. O FC Porto foi sancionado com uma multa de 300.000€ e, adicionalmente, com a possível exclusão de participar nas competições de clubes da UEFA para as quais se qualificaria em 2022/23, 2023/24 e 2024/ 25, salvo se provasse, até 31 de janeiro de 2022, que efetuara o pagamento dos montantes vencidos em dívida.

Ora, é aqui que reside a denominada falta de planeamento. Em outubro de 2021 já todos sabíamos que o FC Porto teria de vender em janeiro. E se o simples adepto o sabia desde outubro, a SAD do FC Porto já o deveria saber há alguns meses.

Quer pela sua importância para a dimensão desportiva, quer pelo facto de a SAD do FC Porto apenas deter 80% dos direitos desportivos do jogador, a venda de Luis Diaz deveria ter sido equacionada como o último plano possível, como a opção de último recurso. Contudo, assim não pareceu. A ideia que fica é que a venda de Diaz foi a solução mais simples, mais rápida e menos criativa de acalmar um problema.

E, por isso, é legítimo que todos os sócios (e adeptos) façam as duas perguntas que se impõem: (i) quanto tinha a SAD de conseguir neste mercado, em milhões de euros, para assegurar a sua liquidez?; e (ii) foram equacionadas outras opções alternativas à venda de Diaz?

Diaz era jogador a mais para campeonato a menos. Mas era o jogador que mais engrandecia o FC Porto e os seus adeptos. A sua venda é um ato de sobrevivência de uma administração que tem um grande futuro atrás de si. Está por dias…