No rescaldo das eleições, emergiu e revelou-se, agora no seu esplendor total, um “novo” partido.
Um partido sem estratégia.
Um partido sem agenda.
Um partido sem ideias.
Um partido sem propostas.
Um partido sem projecto.
Um partido sem pessoas novas.
Um partido sem discurso.
Um partido sem rasgo.
Um partido sem credibilidade.
Um partido até sem cães e gatos.
E por tudo isto um partido sem votos.
Exibiu-se, na verdade, simultaneamente como causa e como consequência dos resultados eleitorais, um partido perdido, anestesiado, adormecido, apático, combalido, sozinho, cabisbaixo, conformado, deprimido, resignado, desnorteado, acomodado, desagregado, pequenino, poucochinho. Um partido ressabiado e apenas preocupado em acabar com os desleais!
E agora? E agora, militantes? E agora, social-democratas? E agora, JSD? E agora, TSD? E agora, Carlos Moedas? E agora, Pedro Duarte? E agora, Paulo Rangel?
Para quando um PSD renovado e renovador?
Para quando um PSD agregado e agregador?
Para quando um PSD motivado e motivador?
Para quando um PSD reformado e reformador?
Para quando um PSD com programa e programador?
Para quando um PSD com propostas para a Economia?
E agora? Para quando um PSD com temas novos, caras novas, ideias novas, sangue novo?
Para quando um PSD que abrace a democracia, que defenda a sustentabilidade, que saiba como abrigar o crescimento económico dos ventos da conjuntura, que construa um equilíbrio entre um Estado regulador e uma Economia possante, que não se perca nem se afunde nas tácticas diárias das alianças milimétricas e cínicas?
Para quando um PSD dedicado à “promoção e defesa, de acordo com o Programa do Partido, da democracia política, social, económica e cultural, inspirada nos valores do Estado de Direito e nos princípios e na experiência da Social-Democracia”?
Para quando um PSD inconformado com o pensamento único e com a doutrina “There Is No Alternative” socialista?
Para quando um PSD que fale olhos nos olhos com os Portugueses e lhes dê uma nova alma, uma nova esperança, um novo desenvolvimento e uma confiança de que poderemos ter um futuro colectivo que não nos conduza ao gueto resignado dos “pagadores de impostos” para onde estamos remetidos.
O Presidente da República já veio explicar tudo, como é habitual. Veio explicar que uma democracia forte precisa de um Governo forte, de uma oposição forte, de instituições fortes, de partidos fortes. Ora, a força do Governo está vista, demonstrada e destrunfada; a força das instituições (apesar de alguns sintomas preocupantes) não parece, felizmente, estar ainda em questão. A quem se referiria então o Presidente?
Parece-me que, brevemente, Rio irá ter que dar explicações aos militantes e aos eleitores, que foram avisados sobre o caminho que está a ser trilhado pelas profecias de Montenegro. Vai ter que explicar a inabilidade, a incapacidade, o imobilismo, o provincianismo, a falta de visão, a falta de empatia, a falta de comunicação, a ausência de iniciativas e – pecado capital em qualquer pessoa honesta que se candidate ao cargo a que Rio se candidatou – a carência total, absoluta, confrangedora e embaraçosa de ideias.
Para muitos, Rio autopromoveu-se para além do limiar da sua incompetência, mas não para além do seu ego.
O Princípio de Peter pode assim ser agora rebaptizado — o Princípio de Rio. Ironicamente, esse Princípio será também o seu fim.