A evolução económica das sociedades também depende do conhecimento dos cidadãos sobre temas como investimento, poupança ou mesmo empréstimos e a sua capacidade financeira para assumir certas responsabilidades. A tomada consciente de tais decisões implica perceber alguns aspectos e conceitos que fazem parte do mundo financeiro.

Uma grande parte deste conhecimento pode impedir um nível de menor endividamento das famílias. Há um facto, que todos os decisores políticos conhecem: a relação directa entre o conhecimento e as decisões, sendo que, quanto maior for o nível de alfabetização financeira, melhor será o comportamento económico das famílias e o desenvolvimento social do país.

Porque tudo isto está ligado, conhecer conceitos e o seu significado material trará níveis de vulnerabilidade financeira mais reduzidos, percebendo com mais rapidez a existência de possíveis agentes financeiros no mercado propensos a uma prática de uma espécie de agiotagem mais ou menos legais.

O nível da literacia financeira em Portugal, segundo o último inquérito realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), registou uma reduzidíssima melhoria em três anos( 2020/2023).

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Se Portugal avançou no que respeita a comportamentos financeiros, ocupado o 11º lugar (nesta categoria), já no que concerne a conhecimentos Portugal ocupa o 21º lugar. Neste inquérito, são avaliados cidadãos de 39 países, a sua maioria pertencentes à OCDE.

Se atrás já se fez referência à importância do conhecimento sobre a presente temática, a escola tem aqui um dos mais importantes papéis a desenvolver: na capacidade de desenvolver esses conhecimentos, fazendo parte do currículo escolar alguns aspectos que primariamente devem ser abordados para que se comece desde cedo a estar familiarizado com conceitos financeiros e outros análogos.

Teria sido essa a intenção aquando da apresentação de um Projeto de Resolução por parte da Iniciativa Liberal (952/XV/1. (IL) que recomendaria ao governo que desse a preponderância devida à literacia financeira em contexto escolar.

A 21 de dezembro, o Projeto de Resolução é levado a Reunião Plenária e é rejeitado com os votos contra do Partido Socialista (PS) e do Bloco de Esquerda ( BE).

O resultado desta votação denota o que significa para os socialistas e para os bloquistas a educação e o conhecimento.

Podemos com toda a legitimidade dizer que este dois partidos não querem que os seus cidadãos possam melhorar os seus níveis de conhecimentos financeiros. E esse facto, por si só, é totalmente entendível se olharmos para o que significa para a esquerda governar, não sendo muito diferente de um tempo de que ninguém tem saudades. Quanto menos se souber e quanto menos conhecimento existir, mais dependentes do estado haverá e, por consequência, quanto mais dependentes do estado houver, mais votos se conseguirá.

No fundo, o PS percebeu as vantagens de usar na sua política um género de esquema de Ponzi.

Isto é, ao tirar a alguém 2000.00€, fruto do trabalho individual e da sua capacidade de investimento e poupança, para de seguida distribuir esse mesmo montante por cinco pessoas que nada fazem e que nada fizeram, cabendo a cada um deles 400,00€, perder-se-á o voto a quem se tirou 2000,00€ mas ganhar-se-á cinco; um por cada eleitor que recebeu do Estado 400,00€. Um “negócio” altamente rentável para os socialistas em nome da redistribuição da riqueza.

Quanto maior for a quantidade de uma população necessitada, mais eleitorado o socialismo ganha, significando isto que a pobreza é na verdade a base de sustento político que mantém o PS.

Para que isso aconteça, há que aprimorar a tentativa na construção de um país empobrecido ano após ano, para que assim possam existir mais pobres e para que estes sejam cada vez mais dependentes do Estado.

Porque a pobreza também resulta de uma capacidade menor de avaliação de escolhas financeiras, aliado a uma impercepção daquilo que significa “dar com uma mão e tirar com a outra”, incluir no contexto escolar o conhecimento de matérias que vão fazer parte da vida concreta do aluno, seria uma mais-valia de grande importância para o desenvolvimento do maior activo que neste momento Portugal ainda detém: o cidadão ativo futuro. Dotá-lo de conhecimento é apostar na sua capacidade de escolhas conscientes que inevitavelmente afectarão toda a comunidade, quando as suas ações podem de alguma forma ser impulsivas por falta de capacidade de análise e compreensão de tudo o que significa o mundo financeiro em que todos, mais ou cedo ou mais tarde, terão que “tropeçar”.

A votação tanto do PS como do BE contra o Projeto de Resolução que desse a preponderância à literacia financeira foi uma forma de não contribuir – porque politicamente não interessa – para o alterar do paradigma de um país que ainda tem níveis fraca literacia financeira. Mas além do interesse político subjacente ao resultado desta votação, tudo isto é também uma escolha: a preferência em manter o seu povo na ignorância. É preciso manter os cidadãos adormecidos porque é com estes que se ganham votos e poder.