O socialismo é conhecido no resto do mundo como uma ideologia, mas em Portugal é apenas uma forma de governar, e essa maneira de governar, baseada no logro, no engano e na ilusão, dura há demasiado tempo. Como já escrevi noutro artigo de opinião, o PS governou 20 dos últimos 27 anos e quais foram os resultados dessa governação? Crescimento económico medíocre ou inexistente, serviços públicos em ruptura e instituições públicas fragilizadas; mas mesmo assim os portugueses insistem em votar no Partido Socialista e ainda recentemente lhes ofereceram uma maioria absoluta. A pergunta é óbvia, se o PS não nos oferece melhor qualidade de vida, porque ganha eleições?

O PS tem governado durante demasiado tempo sem oposição consistente. O PSD de Rui Rio nunca conseguiu oferecer aos portugueses uma verdadeira alternativa, o seu caminho foi titubeante, sem rumo e sem estratégia, sempre reactivo e raras vezes proactivo. Ora perante a verdadeira máquina de propaganda do PS, estas indecisões só poderiam acabar numa maioria absoluta do PS, aliás esta maioria foi conseguida sobretudo por demérito do PSD, mais do que propriamente por mérito do PS.

Recentemente assistimos a mais uma ilusão socialista, a apresentação do pacote de ajuda às famílias para combater a inflação, supostamente causada pela guerra na Ucrânia. Curiosamente António Costa nunca referiu a política monetária seguida pelo BCE na última década como uma das causas da inflação, algo assinalado pela maioria dos analistas económicos. Mas voltemos ao pacote de ajudas anunciadas pelo governo e logo percebemos que estamos perante mais um exercício de manipulação e populismo, bem ao estilo socialista. Deixem-me a este propósito citar Carlos Guimarães Pinto na sua página de Facebook: “Uma pessoa que ganhe 2700€ brutos entrega todos os meses de IRS cerca de 700€ por mês. Aquilo que António Costa deixou implícito é que esta pessoa a quem o estado vai buscar 700€ de IRS todos os meses precisa da caridade do governo. Mas esta pessoa não precisa da caridade de Costa. Precisa que o estado a deixe ficar com uma parte maior do seu salário, daquilo que ganhou honestamente. Tirar 700€ de um lado todos os meses e dar 125€ por outro num único mês não é uma política social, é uma política de dependência. O raciocínio aplica-se também a quem ganha 1500€, recebe líquidos pouco mais de 1000€ e entrega 250€ ao estado todos os meses. Se o governo quisesse mesmo ajudar a passar por esta fase complicado, não o faria criando clientelas e dando esmolas, mas deixando que estes trabalhadores ficassem com mais daquilo que ganham. Aquilo que o governo faz é tirar com uma mão muito (e de forma permanente) e dar com outra mão pouco (e de forma excepcional).”

O sinal que o PS dá aos portugueses neste momento é que Portugal é um país sem futuro e sem ambição, que prefere enganar pensionistas e trabalhadores no activo, virando uns contra os outros para no fim reinar a seu bel-prazer. Voltando à questão inicial, porque é que o PS ganha eleições? Em minha opinião porque a oposição nunca soube bem o que quer, nem o soube pedir. E a pergunta que se impõe é esta, será possível um governo não-socialista, do tipo “geringonça” de direita, a exemplo do que acontece nos Açores? Sem responder a esta pergunta, sem clareza e sem afirmação de valores, o espaço não socialista será sempre fraco e pouco galvanizador. Da minha parte, a resposta é só uma, um governo desse género não só é possível como absolutamente necessário, mas não pode apenas passar por uma mudança de poder, este novo governo tem que vir acompanhado de uma mudança de políticas e espírito reformista. O Partido Socialista está esgotado, sem ideias e sem rumo, arrastando consigo o país para um caminho cada vez mais insustentável. É tempo de mudar, e não podem ser só as moscas.

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